terça-feira, novembro 26, 2013

Palavras de mi(ni)stério

Palavras de  ministra, instalada, luzidia - NÃO, eu não, não a instalei.
Apenas coloquial, como eles sabem ser, parecem normais, ameaçadoramente "achegando-se" às massas.


Todos os dias, sem vergonha. Nem cristãos nem democratas e muito menos sociais: aquilo é um emprego, bem pago e mal feito.

Dizia o objecto-pessoa falante: "Ocáquivitar" 
... e perorava sobre os males que nos ameaçam, se a gente não se portar bem.
Fartei-me de pensar no que HÁ QUE EVITAR e que eles/elas, a tal maioria, não evitam.
A força das tempestades, a água brava que rasga os ares e margens.
A fome, o desemprego, a penúria, a injustiça.
O enriquecimento ilícito.
A aflição da doença.
As notícias compradas a metro.
A falta de cultura.
A humilhação de viver, mal.

O desespero de sentir décadas perdidas, a pagar-lhes as casas, os cargos, os carros, as famílias.
Os cursos: sim, que eu fartei-me de trabalhar para "um curso" cá de casa, e o deles.
Hoje tenho o resto que fica do que me roubam. Os senhoritos, os senhorios, a esfregar as mãos: não com o frio mas com as casas que lhes sobram e as rendas que cobram.

O QUE HÁ QUE EVITAR é que sejam eleitos e, fingidamente, se assumam mandatários de todos.


sexta-feira, novembro 22, 2013

"Não feches a porta"...


"Não feches a porta, disse, com a entoação quebrada por um sopro. E sobretudo, não me levantes a voz nem me atires as pedras do silêncio: fala-me, de suavidade antiga e marcas nas paredes da vida comum, coisas que nos doeram. Símbolos.
Isso, pára e não feches a porta. Fala-me simplesmente da roda rodando em que vivemos."

 
Este diálogo sem palavras, foi a proposta da "outra" semana. 
Nem de propósito, quando tanta gente se esgueira hipocritamente ou desinteressadamente.
Muitas vezes sem voz, outras vezes batendo com estrondo.

Não se usa a escrita no papel, o convite que se pode tocar e sentir, o postal.

Mesmo uma porta bonita,


mesmo uma porta olhada de revés, não deixa de ser uma separação do eu-de-dentro-eu-de-fora: se estou fora, separo-me do interior, se alguém se põe fora, separa-se de mim.
"As palavras estão gastas", como diz Eugénio.
Eu, nada que sou, digo que as gastaram em trivialidades fantasiosas, ôcas.
Assim se sente Novembro.


terça-feira, novembro 19, 2013


...um intervalo de águas.
Onde revolto e me (re)volto. E retorno, retorno: melhor ouvido em fonética antiga : retórno e retôrno.


Pesco pensamentos soltos e salpico-me de memória.
Sorrio um pequeno riso.


Mão vai fluindo, no silêncio, ao longo do corpo em rendas.


Lugares para sempre tão de acordo comigo que eu sei lá!
Cicatrizes, sinais.
Um vestido meu onde me dispo. Previsível como antiga mente.

sexta-feira, novembro 15, 2013

Do nosso entretimento semanal

Divertimo-nos, na semana passada, com a sílaba "GA" para formarmos uma palavra, eu e os meus "compagnons de route" do PPP. Ninguém ficou gagá nem gago e apareceram diversificadas palavras e fotografias:
Antiga drogaria recuperada, gatafunhos ternos de crianças, galinha e galo a despertar apetites, garantias (de que a vida pode mudar?), galopes e galhofas a lembrar liberdades, negativos diluídos em claro/escuro, o jogo do gamão, a simbologia da flor margarida, um bordado garrido, uma vaga desfeita.


O "meu Galeão" é uma reprodução do barco "La Niña", uma das três naus comandadas por Cristovão Colombo na demanda das Américas, 1492.
Mas, como muitas vezes me acontece, é ainda um pretexto para deambular entre os meus pertences de fotografias e palavras, como pardal em campo semeado. E... depois de escolhidas - ou aparecidas - algumas entre milhares... tenho pena de as arquivar de novo.

Garra, de fortes unhas e conotações.



Gavinhas das videiras, acompanham as cepas desde a nudez dos troncos.


Os gatos, meus encantamentos, ao vivo ou em desenho. Nem os procurei, apareceram!


Galerias: do Mosteiro de La Rábida,

das Grutas de Aracena,

de António Ramos Rosa, poesia e desenhos.

Gala em Hampton Court.

Do gado em passeio,

do bando de galinhas cogitando grãos,

das livres garupas dos cavalos,

da espiga como símbolo de fartura

da árvore esgalhada dos seus ramos, olhando o Tua que não mais será como era,

dos amantes agarrados para sempre, sob o sol, sob o céu, e cegos a tudo que não seja o círculo de ar rarefeito em que se movem.

Adendando o que escapou nesta solta recolha:

antiguidades de Garage e as termas de Pedras Salgadas.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Tempo difícil

... além de inquieto, como o sentia em Outubro.
Tenho andado um bocado retirada "dos palcos" espaciais, dos amigos.
Vou coleccionando "as minhas coisas soltas" com lembranças de férias e das pessoas que me vão desaparecendo.
A política actual é vergonhosa e ruinosa. Sinto uma dor, uma raiva: na verdade, sempre e activamente fui/sou contra ela. Atingem-me "os mercados", seja lá isso o que seja e o que me parece. Atingem-nos o direito ao presente e esmagam-nos o futuro. Na reforma, no aluguer, na luz, na saúde, na alface.

Não há claridade suficiente.

Não há medida que possa medir o vazio.

Nem música para os meus ouvidos.

Viver uma vida simples não é simples.
Tomara que os nossos medíocres tecnocratas/burocratas, a criadagem europeia, se sumissem por uma vez. E deixassem de nos amedrontar,
enquanto se amanham nas viagens e nos benefícios que vão acumulando.
A minha Vó dizia assim: que se amanhavam todos aqueles que viviam de habilidades para enganar os outros.