quarta-feira, julho 30, 2008

Córdoba: Tectos e Candeeiros










Olhei para cima.
(Andam as gaivotas alteradas na noite da minha cidade, entre estrelas e nuvens)

Porque os olhos voavam e os quero voar.
Que as palavras, na voz e nos ouvidos,
se cansam mais que o olhar.


Com as minhas preciosas e pequenas coisas de observação casual.
Que fazem sentido, muito depois de as ter fotografado.
Ou visto.

quarta-feira, julho 23, 2008

Belgais - Centro para o Estudo das Artes











Maria João Pires e Belgais, um sonho belo e uma realidade custosa.
Tivemos a sorte de ter assistido a um concerto, num lugar que nos levou longe do mundo real. Conhecer e disfrutar da preciosidade que é "alguém" ter decidido instalar uma Escola para o Estudo das Artes, numa aldeia perdida da raia.
E são anos de cultura, quase silenciosa pelo anonimato que a imprensa (a portuguesa) lhe dedica.
A obra já a sabia de quando era projecto, de leituras e opiniões: não que elas, as sensatas, abundem nesta nossa terra de tantos mesquinhos pensares.

Tivemos centenas ??? sei lá que nem os contei - entre presidentes, ministros e secretários de estado. Tivemos directores, administradores, leis de mecenato, embaixadores, placas comemorativas. Que chegam e vão, evanescentes de impunidade. Com toda a certeza, os nossos impostos, os nossos costumes brandos, pagaram/pagam "os benefícios" de muitas dessas pessoas.

Os nomes vivos da nossa cultura actual, são pouco lembrados - ou são falados pelos piores motivos, por "ousarem" sonhar diferente. Não procuro nomes mas de imediato me ocorrem Saramago, Eduardo Lourenço.

Parabéns Maria João Pires, pelo teu aniversário.
E também porque tu fizeste a diferença!

terça-feira, julho 22, 2008

Pátios de Córdoba III








Também descobri em leitura posterior que mais de 50 pátios, entre públicos e privados, entram no tal concurso tradicional: ainda bem que não me deu para os ver ou sequer procurar!
Há os tectos, os candeeiros, os azulejos, as portas imponentes.
As ruas.
As montras.
Os jardins.
Um encontro de gentes.
Uma miscelânea de arquitecturas.
Isto ...sem falar na Mesquita-Catedral.
Nas ruínas de Medina Al-Zahra, a alguns kilómetros de Córdoba.
E no que não vi ou nem soube.

Uma tentação, esta cidade romântica e misteriosa. Cruzada de civilizações tão diferentes e, no entanto, transmitindo uma sensação de harmonia que seduz os sentidos.

Pátios de Córdoba II







Do que li depois, desde 1918 que a Câmara de Córdoba promove um concurso de "Pátios e Cruzes" que os proprietários enfeitam primorosamente para esse efeito, durante a 1ª semana de Maio.
Paralelamente, há festivais de música e dança, exposições e outros eventos culturais.
Não foi nessa ocasião que os vi - felizmente, que gosto pouco de competições - mas imagino agora o delírio das cores e flores, nessa cidade quente e amistosa de Andaluzia.

Os Pátios de Córdoba I







Da necessidade de se adaptarem ao clima seco e quente da cidade, os Romanos e mais tarde os Muçulmanos, construíram as suas casas em volta de um pátio central, com escadas e corredores descobertos, onde normalmente colocavam uma fonte ou um poço para receber a água da chuva.

Os Árabes readaptaram este costume, abrindo passagens a partir da rua, embelezando-as de azulejos e vegetação refrescante.

É de alguns desses pátios e entradas que escolhi imagens.
Aleatoriamente, na passagem pelas ruas.
Que de Córdoba muito ficou por ver.
Apesar dos sentimentos transbordantes.

segunda-feira, julho 21, 2008

Folhas (já) caídas


Era meio de Junho e ainda mal se (re)conhecia a chegada do Verão.
Bastaram os ventos imprecisos do Norte para que a "minha árvore" despedisse algumas folhas.

Não tenho visitado nem falado a amigos/conhecidos; que me desculpem eles, deste estar-mal-de-época.
Guardo ainda este lugar como exercício de teimosia.

Quase nada espero que me possam dar. Do que preciso.
Mas enquanto o silêncio em mim se fizer "palavra com o olhar", deixar-me-ei assim.

quarta-feira, julho 09, 2008

Arquitectura









De novo com o PPP, deixo as estradas cobertas do musgo nostálgico e recolho o sol na "ferrugem dos dias" que se recortam.
Porque sabemos que "Palavra Puxa Palavra" e eu sei que a mim me puxa os fios deste meu palco íntimo, o do pensar.

Seguíamos uma avenida verde e calma, em direcção à Mesquita e Catedral.
Córdoba é uma cidade fascinante e surpreendente, tanto pelo antigo preservado como pelo moderno harmonioso. Há uma sintonia na cidade, que me envolveu os sentidos; e só saberia explicá-la por imagens tolerantes, de cantos, sossegos, monumentos de muros ocres, estátuas, ruas, arcos, montras, jardins e pátios sombreados.
(e talvez um dia destes pegue em cada uma destas sensações em Córdoba, a formosa, e a descreva como a um filme há tanto tempo sonhado ser).

Uma prova da arquitectura moderna está no olhar ao longe este edifício, que julguei ser um museu, uma fundação...
Ao aproximar-me, admirei as placas de ferrugem e o arrojo das linhas, espelhadas ao alto. Dando a volta e com o resto da avenida descendo para o rio Guadalquivir, fiquei surpreendida: um ...hotel!
Que não me desagradaria "visitar" por dentro, subindo ao terraço para lhe contar outras estrelas.
Em casa, andei a vê-lo na net, por desfastio; e só mesmo integrada numa brigada a fingir, de "Minas e Armadilhas", ou numa verificação da ferrugem. Será que cumprem as normas, usarão colheres de pau nas cozinhas? Será a piscina no terraço convenientemente impermeabilizada?

Ficar-me-á a dúvida existencial se gostaria de ver a rua por um canudo!

quinta-feira, julho 03, 2008

Anonimamente



Um pensamento gémeo, deixado como que por descuido
(e finalmente, de novo no silêncio de si, perdeu a vergonha de chorar por coisas pouco comuns)
"...
Dei-me conta que chorava
pela avó
pela mãe
pelo filho
pelas árvores
pelos sítios
pelas distâncias
por mim
por todos
os passados os ausentes
os presentes os dissidentes
da vida
..."