quarta-feira, agosto 24, 2022

Na esquina do tempo

 

Por vezes, não muitas, vou para trás e rebobino os pensamentos, aqui sentada e debruçada sobre um passado comunicativo e envolvente.

Dezasseis anos me separam do "bettips" nos primeiros tempos. Neste caso, os primeiros posts que fiz, 2006, e as companhias que tive. Apareciam entre 6 a 60 comentários, muitos deles amáveis e profundos - pareciam - de variados lugares. Algumas pessoas cheguei a conhecê-las pessoalmente, em eventos de lançamento de livros ou simples passeios fortuitos, com muitas me correspondi.

Penso que gostaria de fazer "um livro", com esses escritos e algumas fotografias. Tudo o que escrevi eram, e continuam a ser, as minhas verdades, demonstram o meu interesse pela humanidade, pelas crianças, pela Natureza. Foram-se as pessoas, foram-se as palavras. Fiquei eu, neste limbo de interrogações silenciadas. E silenciosas.

Os guerreiros de Xian, em terracota, foram mandados erigir pelo 1º imperador da China, no final do séc. III a.C. . Estimam-se figuras de mais de 8 mil soldados, cavalos, carruagens, etc. Em cima, o cartaz da exposição, retirado da internet. Em baixo, alguns dos que tive oportunidade de ver mais tarde, numa exposição sobre eles, na Alfândega do Porto.

Em tudo isto me debruço. De como voam para longe as sensações, as recordações. As pessoas que alguma vez se conhecem ou se cruzam.

Numa das esquinas do tempo.


segunda-feira, agosto 08, 2022

Abandono

Há que anos por ali passava... Um palacete Arte Nova, do início do séc. XX. Foi doada pela tal Viscondessa à Câmara do Porto. Cheguei a vê-lo como pertencendo aos Serviços Sociais para jovens deficientes, tratados os jardins e com algum movimento. Todos os invernos assistia à floração da bela magnólia na esquina: flores rosa-lilás que brotavam directamente dos ramos, sem folhas. Assim sabia que ia chegar a Primavera. Há-de haver um desenho dela que ensinei o meu filho a reconhecer.

De como está, em abandono




Procurando referências, encontrei imagens do seu interior, elegante, cheio de pormenores florais e vitrais coloridos. Nunca hei-de perceber "estas coisas", do deixar andar, de deixar a descontrução do tempo tomar conta dos espaços e torná-los selva e ruínas. Que negócio se ocultará para este lugar? Pelas décadas que vivo nesta área, aflige-me ver a destruição da memória dos espaços verdes e antigos.