domingo, janeiro 25, 2009

Um amigo e a esperança





Palavras em comentário de Alien8.
Fez-me lembrar um cantar solitário em tarde de sol.
Pela imaginação nos salvamos um pouco como se ilhas de esperança aportassem a nós.
Faremos figas com os dedos das árvores: pela palavra de outros em cujo aceno nos estimamos.


Hope

Hope is the thing with feathers
That perches in the soul,
And sings the tune--without the words,
And never stops at all,

And sweetest in the gale is heard;
And sore must be the storm
That could abash the little bird
That kept so many warm.

I've heard it in the chillest land,
And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity,
It asked a crumb of me.

(Emily Dickinson)

Obrigada pela lembrança, Alien.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O peso...

Tentamos manter a flor da pele à tona de nós.

Ensaiamos ver mais longe: o que virá a seguir a um nevoeiro atávico de tantas palavras?


Aguardando como crianças inocentes que o verde-esperança nos tome.

Nas águas em que se movem os turvos.

Uns seres minúsculos sobre o nosso rochedo de país tão mal gerido.


Dum grasnar, antes, durante e depois. Desconcentrados do que nos é essencial.

"O peso do processamento de tanta informação, em sessões contínuas..."
Dizia-me a Arábica, cansada como muitos que nem ousam dizê-lo.

E também, entre tanta bandeira, me dizia a minha avó: que quando a esmola é grande, o pobre desconfia!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Terras de contrastes





Metáfora de imagens que completam um pensamento que andou à volta de mim, nestes dias: entre o anúncio de cessar fogo de Israel e a eleição de um novo presidente nos Estados Unidos.
Entre o lugar que foi do reino muçulmano, as conquistas, as reconquistas e o tempo de agora.
Entre a guerra e a paz.

Há quase 50 anos (28.8.1963) Martin Luther King (1929-1968) dizia no seu discurso:

"I have a dream...
Tenho um sonho de que os meus quatro filhos vão um dia viver numa nação onde não serão julgados pela cor da pele mas pelo conteúdo do seu carácter.
I have a dream today ..."

Calculo que os seus filhos crescidos estivessem hoje na festa tipicamente americana que nos anunciaram/resumiram até à exaustão.
Esperaram décadas.

Cá por nós, os que por mar lhe estamos mais perto, navegamos em crise e todos nos ralham. O tempo é pouco e também não nos ajuda nadinha o que ouvimos dia a dia.

Agradecemos att. as palavras de Barack Obama pela positiva.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Alhambra em verde







Pedra e Horizonte.
Jardins e Lagos.

Cruzamo-nos com gente de todo o mundo, muitos latinos e orientais.

Árabes que passam em território que já foi como seu, entre rosas e sombras benévolas.
Que o possamos fazer nos seus lugares, sem sobressalto.

É por esse mundo de tolerância que lutamos.
E acreditamos existir.

Alhambra no ar que se respira







E há todo o exterior por onde se passeia.
Senta-se e sente-se.

Um ar diferente, acima de diferenças.
Ao longe, a Serra Nevada.

Alhambra: um olhar árabe









Continuo a admirar o alto, em inspiração.
Que me convenço: a Arte é um vínculo de privilégio entre séculos e diferenças.

M.C. Escher também encontrou inspiração nos azulejos árabes de Alhambra para as suas divisões geométricas de superfície, ajustadas entre si continuamente, simétricas e sem espaços livres.
Um puzzle fascinante do olhar.

Alhambra " a Vermelha"








Medina (cidade) amuralhada, expoente máximo da arte islâmica.
Construída na sua maior parte entre 1248 - 1354, numa colina, em Granada. Das janelas, pode ver-se a cidade medieval muçulmana Albaicín, onde é possível imaginar o dédalo de ruas árabes e os pátios refrescados por fontes e pomares.

Entro em todos os lugares de divindades com o maior respeito, neste caso com respeito e espanto por obra tão subtil e pormenorizada.

Apesar das várias intervenções posteriores, nomeadamente de inspiração cristã, há em todo o conjunto uma harmonia de coexistência que conforta.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Fascinação: Alhambra









Retirada rápida, a tempo de ser vista pelo seu principal mentor que cede, ao fim de oito anos de delírio, lugar aos novos.
Lugar a um suspiro de alívio.
A colmeia - ou formigueiro, diria até melhor, o vespeiro - reorganiza-se: assim seja!
(não imagino o que sentirão tantas famílias de vítimas; sei o que sentiria; e não é nada que desanuvie o futuro. Mas... haja algum consenso, alvoroço de mudança, entretanto).

E em apreço pela "paz possível", lembrando o passado da nossa Península, chamada pelos muçulmanos Al Andalus, fui visitando a memória.
Olhando o mais possível para o alto.