terça-feira, setembro 16, 2008

O dobrar de Setembro









Deixo desejos votos enlaces
pendurados numa árvore.
Uma estátua no muro, acenando o tempo das uvas.
E vou ver o espaço, as cegonhas.
As pedras e águas.
Atravesso pontes de hábitos.

Reflectir o brilho das coisas como um vidro, a paisagem interior fazendo-se fora de mim.

domingo, setembro 14, 2008

A Esperança






As palavras de M.

" A esperança posta nas crianças e no que elas forem capazes de fazer pelo mundo.
Se elas forem melhores do que aquilo que encontrarem, ou se não desistirem do que de bom também forem encontrando, a Paz será possível. Que coisa melhor para um ser humano do que conseguir manter dentro de si a força interior das suas convicções? Serão luz no mundo.
E todos esses gestos que aqui vemos nos inspiram e nos fazem pensar em não deixar morrer, dentro de nós, a esperança na bondade do ser humano."

As fotografias são minhas, excepto a do símbolo da Paz ao longe, que a tirei duma revista.
O sentimento é também meu, expresso pela voz escrita de M.

A Paz






A palavra do PPP desta semana foi "Esperança".

Não conheço agora este menino, de retrato antigo. Terá mais de 30 anos.
Será gestor, pai, cientista, professor, desempregado?
Enche-me a enorme angústia e esperança, pelos seres que não pedem para nascer.
Indefesos da vida e condições que lhes iremos proporcionar.
Não escolhem os pais e, se calhar, nem os caminhos.
Hão-de querer a Paz.
Por eles a pedimos. Além de pedir, lutámos por ela.
Lutaremos pelos meios que soubermos ou pudermos.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Das prateleiras




Pensar ainda na minha pintura preferida.
Um dia farei um quadro com os tecidos-trapos que não couberam nas fotografias.
Um dia escrevo o livro.
Um dia solto o grito.

Há mais uma caixa com eles, os recortes de tecido: estes são dum tempo de "criança em casa", com florzinhas e retalhos do passado, lençóis, vestidos.
E não sei porquê, procurei as minhas miniaturas: as que me disseram "não vejas, não ouças, não fales". Conselhos que não sendo por doenças, custam imenso a seguir. No entanto, guardo os sentidos por vezes: em prateleiras imaginárias com imaginárias pessoas.
Tenho as respostas e as perguntas na cabeça, por mais que os macaquinhos acenem das prateleiras do tempo. Pena não ter um sótão!

quarta-feira, setembro 10, 2008

Das gavetas





...os rastos. Nem sabia que tinha guardado, ou onde, este antigo (1987) programa de "VIENA 1900", exposição na Casa de Serralves.
São meses em que acontecem coisas diferentes.
Maio, Setembro.
Inesquecível a exposição: tinha tudo o que eu gostava.
Até o café vienense e a "apfelstrudel".
Recuperado o gosto do papel e guardado, religiosamente, num livro lindíssimo, da Taschen, sobre Gustav Klimt.

terça-feira, setembro 09, 2008

Rios meus





Faltavam-me aspectos do rio que fui inventando.
Apontamentos por aqui, nas paredes de mim, minha casa, meu lar rarefeito e torre do meu tombo.
Como se estivesse em estágio de todas as artes, a brincar às pinturas. Pelo prazer e tão só.
Mas sim, são aspectos do rio que conheço melhor.
Até o chegar-lhe com a mão, denso e barrento, nas cheias de má memória.

sábado, setembro 06, 2008

D'ouro





...que será filho de todos esses afluentes que sabíamos de cor.
Aconselhamento: ir fazer essa viagem no tempo.
Antes que tudo acabe por cair na tal fuligem e os turistas sejam tantos que nos pensem forasteiros. E a gente se sinta, também, em terra alheia e folclórica.

Filho de rios





Ainda reminiscências de cruzamentos, entre rios e memórias.
A delícia que foi viajar no comboio histórico.
Feliz surpresa, chegar escura e fuliginada por todo o lado.
Da Régua ao Tua, num aniversário, há anos.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Debruçada ...







...deixando o rio
entregue ao seu destino
frio
geométrico.
Margens de amêndoa e vinha
lagaretas e socalcos
pedras e montes altos.
E isto não é um poema,
calha-me no pensamento:
interessa mais o "obema"
a miúda em boa hora
tudo o que passa nos rios e lagos
estradas e estrados,
estádios,
desde que se não veja
e seja
"lá fora"!

Indiferente gente!

De novo Tua





A imagem é das termas e do santinho que lá mora
(e tudo me rima hoje!).
Termas de S. Lourenço.
A água é morna e sulfurosa mas não é "spa" nem há pedras quentes a não ser as do tanque.
Há uns anos, encontravam-se assim as instalações à volta.
Tratavam-se os compadres do reumático, as mulheres das suas queixas, as peles dos seus eczemas. Isto desde o séc. XVIII pelo menos, anotado. Mas como já morreram de velhos, também não erram a opinião.
Calados estão.
Dos novos, não sei a história.
Vai no adro a procissão.
E há sobrolhos levantados: ai de quem trave a recuperação económica de alguns! O mesmo se dirá da lhaneza de princípios, afins, (a) meios, governantes e outros.