terça-feira, março 26, 2013

Douro, para sempre tua











Porque me estão muitos no pensar,
de quem gosto, sei lá porquê, por isto ou aquilo, por identidades, por empatias,
porque me lembro de infinitudes, tanto céu ou tanta terra, tanta água ou pedra,
aceno para o Douro, num lugar onde, dizem, nasceu o meu avô materno. Pombal de Ansiães, Tua. Seguindo depois através de uma terra nossa, estreita e bela, tão perto as águas e as águias do Douro Internacional.

(sem saída de andar há mais de 2 meses)

Fotos do país de quem me divorcio litigiosa a mente, sempre e para sempre, à hora de notícias.
Para que se comovam como eu com as vinhas secas, mal despontam os olhos das folhas. Todo o trabalho de séculos: e HOJE.
As termas abandonadas, o Tua que vai inchar, o comboio velho, as linhas,
o cabaz que vinha da aldeia com cheiro de chão e ervas,
as laranjas, o folar, as alheiras do fumeiro.
E tanta gente triste por aí fora, ninguém compra, ninguém vai (eu falo com todos...), ausculto os sentimentos dos lugares e pessoas com quem me cruzo. 
País outra vez esvaziado, adiado.

Ah... mas andorinhas pelas aldeias, vieram as andorinhas! Avaliam estragos, a reconstrução começa. Os nosso vvvs de vitória sobre a obra negra que nos querem. 
E três cegonhas, e duas águias. Do voar.

10 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Belas as fotos, triste o desfiar sobre o o Douro, o Tua, as Gentes que esperam por quem não aparece...
Mas esperança nas vinhas que de novo vão despontar e nas andorinhas que esvoaçam pelas aldeias em busca dos seus ninhos!

Abraço

Lizzie disse...

É uma morte obscena!

Os protagonistas das notícias, por uma ou outra razão, dão tiros cegos porque nunca se preocuparam, ou não lhes ensinaram, a ver: têm uma sensibilidade metálica.

MAS, dizes bem,noutras terras, as águias são o símbolo da ressurreição e da liberdade absoluta.

Ninguém as pode possuir. Ficam perto dos deuses do universo, perdem a plumagem, renovam-na e são eternas.
As que vemos hoje, são as mesmas que existiram no início. E com o seu bater de asas, o ar segura a Terra numa harmonia de ventos que não a deixa fugir pelo espaço fora a reboque da incerteza.

Acredita-se que as andorinhas são pedaços de barro que na Primavera se transformam em voo. São a glória suprema. Ligam os elementos. E lá vem outra vez a ressurreição, o eterno.

Esperemos que as tuas paisagens estejam só a mudar a plumagem

(e já agora que não sejam presas e vendadas em estádios de futebol para aparecerem em voos domesticados em noticiários)

, e que o barro se solte em vida, em movimento.

Se calhar a ressurreição é uma forma de respeito.


(Desculpa o lençol mas dá-me sempre para aqui:))

Um abraço meu e das descaradas das andorinhas que estão ali no pátio da minha morada:))

M. disse...

Na beleeza das coisas o teu sentir.
Comoveste-me.

hfm disse...

Um "post" tocante e sentido que nos aviva as memórias e que nos mostra traços e retalhos dum dos mais belos locais de Portugal. Este país eternamente adiado.

Mas as pedras sobreviventes que ladeiam parte do Douro e de Trás-os-Montes (terra da minha mãe) são os alicerces a que ainda, inabalavelmente me tento agarrar.

Obrigada por estas palavras que vieram ensolarar um dia de chuva "ranhosa" que se abateu pela Ericeira e que não me deixa ver o mar ne ir passear à sua beira.

Um beijo agradecido.

Helena

jrd disse...

Porque hoje decidi subir o meu Tejo para me deleitar no teu Douro, nem dei pela chuva, tal era a beleza.
Abraço

Justine disse...

Comovente a tua declaração de amor, triste a constatação da ausência e do despudor! Mas um pequeno fulgor surge na reconstrução das andorinhas! Que elas nos dêem asas...

mfc disse...

Saborosas estas tuas palavras melancólicas, entremeadas por umas fotos lindas... lindas!
Beijinhos,

Manuel Veiga disse...

o Tua e o Sabor circulam-me nas veias - e dõem-me.

grato por esta emoçãozinha agridoce.

beijo

greentea disse...

há um ano atrás andei na Linha do Tua, no combpio como se voltasse aos tempos de Camilo ou de Eça e reconstruisse mentalmente o que nunca mais voltará;
há dias estive no Sabor e em Torre de Moncorvo...
até quando ???

Meg disse...

Tantas saudades dos "lençóis"... nas voltas (piruetas) da vida, volta e meia o meu pensamento anda muitas vezes por estes lados,planando, para "olhar, ver e ler"...
Acho que agora seria necessário não um lençol mas uma daquelas peças enormes com que se faziam os enxovais antigamente... para aí 12 ou mais lençóis.
Tenho saudades tuas, B.!!!
Beijinhos


arecalcitrantemeg.blogspot.com