segunda-feira, agosto 24, 2020

Os Fados das nossas vidas

O "fado" como destino:
Estava fadada para isto
É o meu fado
Talvez por isso, a fatalidade dos fados, nunca os apreciei grandemente. Provavelmente por ligação intrínseca ao regime, choramingas e maltrapilho, desgraçado, cigano, desprezado.
Mas na minha infância ouvia-se fado em todas as casas, muitos de que me lembro bem, tanto as letras como os artistas. Falava-se em nomes como Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Amália, Maria Teresa de Noronha. A Severa (1820-1846) figura mítica do fado de Lisboa que sempre me mereceu uma certa curiosidade, pela sua curta e triste vida.
O que conhecia, principalmente, eram os fados de Coimbra, mais directos ao coração me pareciam.
E, mais tarde, aprendi a apreciar os fados que transformaram a língua portuguesa numa linguagem universal, de escritores e artistas esquecidos. Um gosto ouvir Camões cantado.
Foi assim que entrei no PPP deste Agosto louco, de calor aflitivo e pandemia de aflição.
"Por teu livre pensamento
foram-te longe encerrar..."

Foi o que me pareceu exprimir esta réplica de janela da cela onde se diz que sóror Mariana Alcoforado escreveu as cartas ao seu amado oficial francês. Convento de Nª Snrª da Conceição, em Beja.

"No cimo daquele outeiro
Debruçado castanheiro
geme de sede e fadiga..." 








Aqui a dificuldade foi a escolha, gosto da distinção dos castanheiros e são inúmeras as fotografias que os mostram, em flor e em fruto.

"Naquela casa da esquina
Mora a Senhora do Monte..."
Algumas das amigas participantes no desafio, conheciam perfeitamente o Miradouro da Senhora do Monte, em Lisboa, que deu aliás origem ao fado em causa. Eu não conhecia, já lá estive sem lhe saber o nome. Por isso, fui encontrar igrejas e esquinas de casa várias, quase à sorte.

Esta capela e casa ao lado (A providência divina/Mora ali mesmo defronte), na brancura alentejana, algures entre Cuba e Alvito.
E depois, seguindo o Douro e as suas esquinas...




Ermida de Santo André, à entrada de Beja


Como encontros nas esquinas do tempo...


3 comentários:

bea disse...

a brancura caiada e rasa do Alentejo profundo com jeitos mouros e o Douro com seus declives de pasmar, suas zonas de sombra e susto e talvez as mais lindas paisagens de Portugal. A gente sabe que é a mesma terra, aquela onde definitivos nos perderemos de nós e seremos parte do conjunto, um grão de pó no deserto. Mas surge tão diferenciada que diferentes hão-de ser os homens que molda.

M. disse...

Gostei muito desta sequência de palavras e fotografias. Estavas inspirada, nota-se o teu entusiasmo, transparece em tudo.

Justine disse...

Também não sou amante de fado, mas o desafio da Luísa foi interessante e levou-nos a fazer coisas especiais, como no teu caso