sexta-feira, dezembro 03, 2021

Arte Nova, Arte Deco e Arte sempre

Interrompo as minhas deambulações pelas férias e eventos passados, em coisassoltas que me vêm ao pensamento e à deriva fotográfica. Ainda estou a memorizar saídas em 2009 e portanto há 12 anos. Chegar-me-á o tempo de rever uma visita feita há três meses ao Museu B-MAD? Certamente não...

E vem a propósito de ter visto em Setembro o Museu do Azulejo, ter estado em Estremoz e tê-lo referido "em público". Admiradora (im)penitente destes projectos de arte, deste coleccionador que proporciona ao público em geral a visão das obras da sua colecção, aproveitou-se uma "pequena hora de almoço" em Alcântara para o visitar. Numa antiga residência do Marquês de Abrantes e posteriormente propriedade do médico António Flores, o edifício "é uma casa de exposição" compartimentada, pelo que a visita é marcada com antecedência, em grupo controlado e com guia. Não dá o tempo e as palavras, do guia e as perguntas das 15 pessoas, para observar sem pressa as belezas da arte exposta

Almoço na Lx-Factory, ali em frente e é só atravessar a rua.



Fico-me pela entrada, observada com todos os pormenores em espera do grupo, com a promessa que "lá cima" seria o mesmo encantamento fluído dos olhos em deslumbre-amento. Todas as outras fotografias, tantas, hei-de soltá-las como pássaros, no outro lugar "memorável".





As informações são muitas... Não tenho cabeça para tudo e já passou um século de grandes modificações no mundo; e arredores. 

Sei da Arte Nova que sempre apreciei intensamente (a poesia e a natureza nas formas), sei da Arte Deco que a seguiu, numa depuração de estilos e materiais. Sei, ou li ou ouvi, que o edifício do séc. XVIII foi "residência de veraneio" do Marquês de Abrantes, que já não vivia "mal" no seu palácio de Santos - hoje Embaixada de França - e, posteriormente modificada, casa do notável neurologista Dr. António José Pereira Flores. Foi abandonada por causa da construção da Ponte 25 de Abril que ali está mesmo em cima. 

Percebe-se em lá andando.

Uma colecção de "coisas" excepcionais. E ainda bem que José Berardo e seus colaboradores a reuniram para apreciação pública. Tal como em outras mostras das suas colecções, qualquer avaliador poderia olhar para uma das peças (por exemplo das expostas no CCB) e dar-lhe um preço exorbitante. São aspectos que me são relevantes e não dissocio da pessoa em causa: mostrar a fortuna publicamente. 

Uma vez vi uma exposição na Fundação sobre a vida de Calouste Gulbenkian, o senhor 5%. Fui correndo as fotografias da sua vida, a natureza dos seus negócios e a descrição da sua irrascível maneira de ser, sem me lembrar de pôr em causa "o que teria feito ou mandado fazer" para reunir tantas peças, e quadros e gravuras e caixas e mobílias, extraordinárias. Um golpe de sorte e muitas negociações secretas trouxeram para o nosso país o acervo e a herança póstuma deste homem. Em boa hora!

A minha esperança e vontade é que se apreciem as pessoas em vida: é demais quando se ouve ou lê "ai, era tão boa pessoa mas..." quando alguém morre. Ou o contrário, ainda pior!

Gostei muito.

 

3 comentários:

M. disse...

E eu também gostei muito de te ler aqui.

bea disse...

A senhora da saia plissada é um portento. Mesmo linda. Arte Nova e art Déco também me conquistam. Tanta coisa que desconheço em Lisboa.
Sou muito grata a todos que, por este ou aquele motivo deixam à posteridade o que lhes pertence, e deixam-no à disposição de quem queira e goste de ver. O belo nasce para ser visto, torna-nos melhores, leva-nos por caminhos alternativos e não difíceis. Ajuda-nos a aguentar veredas, atalhos e o perigo das avenidas.
Obrigada, bettips.

Rosa dos Ventos disse...

E assim eu também vou fazendo visitas culturais sem sair de casa.
Obrigada!

Abraço