"As palavras e o espaço que ocupam no nosso pensamento", proposta de M. para este mês.
As duas primeiras, Telhados e Estrelas. Olhando para o alto em vez de rasar o chão. Não escolhi muito, tenho telhados quase de cada vez que saio e tiro fotografias. Onde encontro os pássaros, as esculturas antigas, a diversidade das cores e formas das telhas. As breves ervas rosadas como o "arroz dos telhados", de que tenho tantas lembranças desde muito pequena. O que cobre as vidas e os argumentos que se desenrolam, por baixo de cada telha, pedra, vidro, madeira, cimento, colmo, palha ou cartão.
Mas é claro que me lembrei da fascinação de Londres, o prazer de lugares redescobertos, as silhuetas ao longe
Entre os muitos telhados de que gosto, escolhi estes, a ver a Ria Formosa e o mar. Certamente para viver, os meus preferidos. Não são propriamente telhados mas terraços, o bom tempo a sul assim o permite. A largueza do olhar!
Às estrelas, olho-as e reconheço-as, difícil é fotografá-las com nitidez. Consegui esta Via Láctea, no Alentejo profundo. Nem sei bem como...
Pensava eu que tinha alguma estrela do mar, num algures que se perde nos milhares de fotografias através dos anos. Lembrava-me quando as encontrava da canção muito, muito antiga, do pequeno grão de areia que se apaixonou por uma estrela do firmamento. Foi desse amor que apareceu a "estrela do mar", o que sempre me pareceu um final feliz para uma paixão improvável.
Mas... mas... Van Gogh e as suas telas torturadas e desfocadas pela mente obliterada do pintor. Doces traços de pormenores, violentas de cor. Tinha de as encontrar e nomear, mesmo em reflexo do museu em Amsterdam onde não se podia fotografar, e os quadros em luzes móveis de uma exposição em Lisboa
Foi assim que me lembrei da "Noite Estrelada", de 1889. O Pintor viu-a da janela do seu quarto no hospício, em Saint Rémy, Provença. A inquietude do seu pensamento.
E, finalmente, a perdida no mapa e nas margens do Alqueva, aldeia com nome de Estrela
2 comentários:
Serei sempre suspeita, mas o firmamento tem mais quid e é mais ele, no Alentejo. Há muito céu por todo o lado e, em noites escuras é prazeroso olhar a abóbada celeste. Razão para a bettips conseguir que alguma coisa impressione a lente (será a lente?)
Quanto a Van Gogh, e embora não aprecie as técnicas modernas que reproduzem as pinturas no superlativo relativo de superioridade, encontro os originais lindos. Van Gogh consegue que a gente sinta que, se pintasse, as pintaria assim por senti-las dessa forma estonteada e a rasgar: às estrelas, à noite, às árvores. A tudo.
Também é certo que existem palavras que são estrelas. E gestos. E olhares.
Belas fotos, cara amiga, além das palavras.
Quanto à Dalma do Areiro sou visitante dela há muitos anos mas como anónima.
Costumo pôr o nome no fim.
Vou avisá-la para ela lhe explicar como deve fazer.
Abraço
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