Metemos na estrada velha para lá da Barragem onde o rio se estreita, o Vale e outros horizontes para mais longe da aldeia. Encontramos a Senhora Bárbara, a pastar as suas 3 cabras e um cabrito:
uma cabra chama-se “Caldeirinha” e “dá um litro de lête por dia”, outra é a “Branquinha”, filha da maior e mais arisca, o cabrito “é para comêre”. O homem trabalha “a juntar perdizes para os patrões” virem caçar no dia 11 de Outubro.
Não sabe ler, não sabe nada além “daquilo” ali: nasceu em 1941 “no ano do ciclónio” como lhe disse a mãe. Viviam em cabanas cobertas com palha – “uma miséria que nem sei”, diz-nos, "as solas dos "sapatos eram de pneus velhos", agora "sempre vamos tendo uma reforminha".
Lá viemos embora, cada um à sua vida: nós pela estrada, ela pelos pastos adiante, cantarolando.
6 comentários:
País padrasto do povo e da natura.
Abraço
É este o país profundo. Porventura não merecemos outro.
E a frase batida: pelo menos há a reforminha. No campo, na vila, na cidade, somos assim. E cada vez somos menos. Um país que se entornou para o litoral, mas não se fez ao mar, como outrora. Ficou aqui, de costas para o deserto, vendo os barcos ao longe. E é este o país que eu amo. Incondicionalmente, porque não era assim que o queria.
Imagens que podiam ter sido tiradas há 50 anos. Tão diferentes e tão iguais....
Uma pergunta que costumo fazer a mim mesma é se as pessoas que vivem em lugares como este, nas condições difíceis de que aqui falas, sentem a beleza que as rodeia com uma paixão semelhante à revelada nas tuas fotografias. É que nunca as oiço verbalizar esse aspecto em relação ao que as rodeia. É pena, gostaria de as ouvir falar do que sentem a esse respeito.
Consegui explicar-me?
excelentes..........
estas tuas «aproximações»...
excelentes e ... tristes... :-(
A beleza das imagens dum mundo nada sofisticado. Natural.
O discurso realista, sem arrebiques.
Gostei.
jl
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