quinta-feira, janeiro 19, 2012

Lembrar ainda e sempre a limpidez







... e a força dos poemas. Tantos anos após o seu nascimento, uns anos depois da sua morte, um pouco de tempo para (lhe) extinguirem a "FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ANDRADE", precisamente o lugar onde viveu o Poeta, nos seus últimos anos, junto ao rio, junto à Foz.
Qualquer cidade, qualquer "presidente", qualquer país, se sentiria orgulhoso deste filho nosso.
O fim está ditado, leu-se nos jornais, assim no emaranhado de problemas e gastos... como se a Cultura fosse mais uma "acção da bolsa".

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver
gastos, como animais envelhecidos
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo no chão, apodrecidos.


("As mãos e os frutos" 1948 - Eugénio de Andrade 1923-2005)

16 comentários:

Era uma vez um Girassol disse...

Lindo poema, como tantos outros do mesmo autor. Muito bem observado!
Mais um beijinho da flor

hfm disse...

Quando o inconcebível se torna realidade! Nem quero acreditar.

Teresa Durães disse...

eu adoro Eugénio de Andrade!

Mar Arável disse...

O nosso Eugénio

Boa partilha

lino disse...

Infelizmente, parece que o Rio tomou conta da cidade e ela deixou!
Beijinhos

R. disse...

Cara Bettips, junto o meu protesto ao teu. É lamentável o tratamento dado a um poeta maior, filho de uma terra que o despreza e, também por isso, não o merece. Infelizmente, perde-se uma oportunidade valiosa de lhe fazer jus... Tenhamos esperança de que no futuro outros corrijam este erro.

Votos de um bom fim-de-semana.

M. disse...

Inacreditável! Incompreensível que uma coisa destas aconteça.

Justine disse...

Mas Eugénio continuará a influenciar-nos com a limpidez da sua poesia, malgrado os biltres que nos governam...

mfc disse...

A limpidez é polissémica... mas é sempre sedutora!

As tuas fotos.... são osteus olhares sobre os passeios que dás!
... e eu gosto de passear contigo!

jrd disse...

Não se gastam as palavras deste génio, deste "espanto" da poesia.
Os outros, os medíocres, não o ignoram, são a ingnorância...
Bjs

Filoxera disse...

Gosto muito dos poemas do Eugénio de Andrade, e também gosto muito das tuas fotos.
Beijos.

Anónimo disse...

Não se trata de gostar da poesia de Eugénio de Andrade nem da universalidade das suas letras, do seu génio, da rectidão e humildade da sua postura (é ler os artigos da Fundação...). É uma machadada na cultura, no orgulho de termos gente desta - abandonada à sua falta de "comercialização" e "viabilidade económica".
B.

mfc disse...

Reli o texto e escapou-me a essência...!
Voltamos aos tempos dos comissários políticos.
Peço desculpa e mando-te um beijo.

Manuel Veiga disse...

rio(s) de indignação.

uma afronta ao poeta e à cidades. e aqueles que amam um e outro...

tulipa disse...

Mais uma afronta à CULTURA,
neste caso através deste POETA.

Gostei das tuas fotos.

HOJE descobri um poema,
que começa assim:
É urgente
que uma alegria qualquer
me aconteça.

E, felizmente vai acontecendo...
este fim de semana fui participar no 1º passeio fotográfico deste novo ano.
Se quiser espreitar,
venha ao blog dos meus
"Momentos Perfeitos" e verá!

Uma boa semana com muitos sorrisos, flores e poesia :)
Beijinhos

Lizzie disse...

Agora imagina o tormento kafkaniano que é estar a defender, em reuniões, a conservação disto e daquilo.
Porque quem decide, quem tem autoridade...enfim, talvez a culpa seja da Educação, das nomeações...dos jeitos.

Há cerca de um ano, eu disse: mas olhe que eu fui convidada a vir para cá para tratar disto, é uma questão de respeito, de património.Deita-se fora? E as gerações futuras? O custo é mínimo.
(Muito inferior a algumas opções que foram tomadas, do mais elevado e carismático pimba novo rico, ou seja, cultura de plástico que sempre é mais leve que a madeira ou a pedra, p.ex.)

A resposta soou-me a exílio: volte lá para Inglaterra, para Espanha.

Como também tenho nacionalidade portuguesa, respondi que só me ia embora de Portugal quando entendesse.Não há nada como a fleuma britãnica para dizer estas coisas. A espanhola mete logo palavrões.

Foi a primeira das ameaças de processo disciplinar ao som da meia hora de música seguida da RFM. E da publicidade.

Uma casa que mostrei lá no post do Natal, varanda com pombos, está há vinte anos a germinar a ruína.

Tem muita história e uma biblioteca imensa. Fora os instrumentos musicais. Os ratos devem andar muito cultos e poliglotas. Já devem ser maestros.
Ninguém, nós, pode intervir.
Mesmo quando morre a nossa história.

Portanto, já dizia Einstein que só haviam duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana e do Universo ele não tinha bem a certeza...

Quando fizer a mala definitiva, vou escrever este pensamento nas águas do Tejo. Ou do Douro. Pode ser que os atentos a leiam.

bjs