Em todos os cafés ou restaurantes por onde passei, havia uma ou mais televisões.
A funcionar. Com pessoas aos pulos, pareciam-me concursos.
Ou muito sérios, a ralhar, a opinar.
Muitas vezes, futebol: tanto futebol há por esse país fora, a todas as horas!
Apeteceu-me mais bichos que gente. Com a realidade das suas cores. A franqueza das suas limitações.
Não falam para se ouvirem a si próprios.
Não discursam.
São bichos mais que muita da gente. Aliás, andei mais pela natureza, reconhecendo preferencialmente animais e menos pessoas.
Não precisavam de "bom dia" nem "boa tarde": só de "olá".
Experimentei e aceitaram-me com urbanidade.
Gostei de os ver. Acriancei-me como não o fui no tempo.
Encontrei uma aranha na varanda e ia espreitá-la todas as noites.
Cada um no seu lugar: ela, a um canto, pouco se movia.
Sei que faz a sua teia por instinto de sobrevivência: por isso a observei e não acendi a televisão.
Sei que faz a sua teia por instinto de sobrevivência: por isso a observei e não acendi a televisão.
Senti-me, vagamente, com instintos de sobrevivência e atitudes de bicho.
22 comentários:
Excelente post!
"Acriancei-me"... tão lindo.... e tão bom....
Tem um bom domingo, acriançado se possível.
Beijinhos
Gostei muito desta simplicidade escrita em profundidade e em cor.
:)
Bom domingo.
:) 'Sanidade ou insanidade'? (Lembrou-me um excerto da insustentável que coloquei num post há tempos)
Sem ofensa! Porque a minha também é insanidade, mas eu prefiro-a à sanidade das televisóes (e do resto...)
Bjinhos com cores de bicho...
Com instintos de beleza.
"atitudes de bicho"...
tão bom...
tão puro,
dentro.....
:o)
Tão lindos...e "pintados de fresco"!
Quanto às gentes devemos procurá-las
à nossa medida.
Que lindo. Palavras simples mas que dizem tanto. As fotos, bem, são maravilhosas.
bjos
Ana PAula
Foste passear ao Zoo? São todos lindos!
beijos de fim de tarde.
Como te compreendo, querida bettips...
Ontem, dia do meu aniversário, eu que sou um "bicho" sempre acompanhado de gente, muita gente, apeteceu-me isolar-me...
Uma sensação de desgaste, de tédio de necessidade de verde, de árvores e de harmonia me invadiu e creio que por razões diferentes mas similares às tuas...
farta do desperdício do útil e do utilitarismo do inútil... até nos que me são mais próximos!!!
passei um dia "limpo", harmónico, com paz e verdes, muitos verdes (tão raros já nesta cidade tão mal tratada...)
Beijinhos, grandes pela tua gentileza no meu blogue, pelos teus parabéns, tão sensíveis.
F.
Gosto de te sentir assim, acriançada....Com certeza que foste muito feliz nesses momentos.
Sobrevivência? Como é bom sairmos do aconchego do lar e partir à aventura, longe de tudo e de todos tentarmos simplesmente sobreviver com o que a natureza nos oferece, viver intensamente cada momento, sem pensarmos em absolutamente nada, deixarmo-nos estar ali simplesmente a aproveitar o máximo da vida.
Gostei do teu regresso, é bom ter-te por cá.
Beijinho
Bet, que saudades! :)
Quanto aos bichos, serão sempre a minha melhor companhia!
Beijos felinos
Quando nos perdemos na natureza, é de facto quando melhor e mais nos conhecemos.
Maravilha!
Beijinho*
E ainda bem que te acriançaste. É algo que todos deveríamos fazer, de vez em quando.
Há nos animais uma verdade e simplicidade de vida que nós parecemos ter esquecido. **
“Não falam para se ouvirem a si próprios” – hélas!
E respeitam o mundo sem se imaginarem o seu centro.
Bem ao contrário, pois, doutros animais que só conhecem o próprio umbigo.
Tens razão, Bet.
“Acriancei-me como não o fui no tempo”...
Tens razão, outra vez ainda: retornamos, quantas vezes, à sensibilidade, como quando ela era mais inata.
A estropiada do mundo de certos animais, tira-nos sossego e ao mundo (só demasiado previsível) dos bichinhos.
Belas fotos de pássaros tropicais e outros bichos exóticos!
(um zoo, por certo!)
Salvo o cavalo, que não é exótico, mas belo! O mais belo e carregado de simbolismo dos animais, para mim.
Até...
bela postagem, as cores das fotos bem conjugadas e entrelaçadas com o texto...
Que bonito!
(como eu entendo isso de preferir animais!)
Olá Bettips.
Sinto que acontece a muita gente que trabalha com pessoas, ter uma necessidade frequente de fugir, estar só. Não ouvir ninguém, não ver ninguém, principalmente não ter de suportar concursos televisivos nos cafés. Mas não percebo por que razão há pessoas que ficam vidradas com a companhia deles.
Antes só.
Um abraço.
Já por esses sítios me acriancei.
O Badocas já tem companhia. Demorou. Quando o vi tinha um pestanejar tão triste!
Beijinho, Amiga.
Quanto mais te aproximares dos bichos, mais feliz és...
Vai por mim!
Piquei, fui
Quando estou bem , me encontro muiiiiiiiiiiiito bem, sinto-me bicho.
Que bom.
Também me sinto, mas plenamente, "com instintos de sobrevivência e atitudes de bicho" perante a selvajaria que é encontrar lugares naturalmente remansosos, poluídos de rádios ligadas e televisões acesas.
Por isso é que nas praias fluviais os salgueiros chorões ficam ainda mais cabisbaixos do que já aparentam e em muitas esplanadas de vistas sonhadoras, as pombas atacam como animais ferozes. Nessas alturas, antes de desandar, tenho também instintos terroristas, pois não há lei que nos proteja dos vis carrascos dos sons naturais.
beijinhos
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