terça-feira, outubro 09, 2007

Manifestações e Sentimentos II







Como disse uma das amigas do PPP, estas formas de "pedintes/animadores" com arte , também me dá uma certa tristeza. Pelo desamparo da ficção a que se submetem horas, dias a fio, à curiosidade de quem passa.
Não penso bem nem mal: sei é que me deprimem um pouco.
Assim como se, de repente, me passassem pelos olhos os véus que foram tombando na realidade, descoberta à medida que as gentes mudam.

E eu visse em todas elas as mil máscaras não pintadas com quem me cruzei na vida.

33 comentários:

Meg disse...

Será o mesmo que sinto, ou antes, sentia, mesmo ainda em criança, quando observava os circos pobres daquele tempo. Não havia magia suficiente para tapar tanta miséria exposta sob os rostos pintados dos palhaços.
Já a comiseração e o desvendar de uma verdade ocultada pela cor relutante dos trajes e pelo brilho baço das luzes...

Beijinhos, amiga

Lapa disse...

The Arithmethic Table of the Time

Alberto Oliveira disse...

... as ramblas de Barcelona são pródigas nesta forma de arte(?!) urbana onde convive (por vezes) alguma originalidade e a "necessidade" de amealhar uns euros ao fim do dia. Se por um lado dão algum colorido e animação às ruas de qualquer cidade, por outro é conhecida a irritação de muitos "artistas" se algum "espectador" os fotografa a não puxa dos cordões à bolsa...

É na verdade algo deprimente sobretudo pelo exercício da imobilidade a que se sujeitam mas o facto é que esta "disciplina" tem feito escola e pelo que se vê, está de boa saúde e recomenda-se...

abraço.




abraço.

Pitanga Doce disse...

Aqui no Rio também há destes artistas de rua, mas nunca tinha visto tantos juntos! A mim também me causam sentimentos estranhos. Vê-los maquiarem-se ou quando descem do pedestal e começam a gesticular os músculos doloridos, me causam certa tristeza, sim.

beijos Bettips

Rui Caetano disse...

São outras formas de pobreza, talvez mais envergonhada, tentam se esconder atrás de artifícios artísticos, mas a tristeza do seu olhar é a mesma, a frustração da vida é a mesma.

Maria disse...

Poderão ser formas de pobreza, poderão ser animadores, são com certeza pessoas que gostam do que fazem, acho eu...

Beijinhos

nana disse...

e há-de haver os que, fazendo porque precisam, se consolam em olhares como o teu, que olham tão mais dentro que fora.

Vieira Calado disse...

Por aqui também há disso. Mas deixe dizer-me que as que mostra são muito interessantes, sob o ponto de vista estético.
Um abraço.

M. disse...

Sim, também a mim me deprimem. Julgo que talvez me deprimisse menos se conhecesse os verdadeiros motivos dos seus disfarces. Quem sabe, não terão, pelo menos alguns, a necessidade de nos observarem do lado do seu silêncio, sem que saibamos o que eles vêem em nós. Se assim for, deprimimo-nos menos, porque estamos mais de igual para igual nesta coisa que é o mistério da vida.

PostScriptum disse...

É bom ter-te de regresso, embora me pareça que eu é que estava em falta. Estive igualmente ausente, Bet.
Conheço, curiosamente uma história de vida interessante, relacionada com este tema. Um professor universitário - um grande amigo - saiu do ensino para se dedicar a tempo inteiro a esta arte.
Tanto quanto me é dado verificar, está bem mais feliz agora.
Um abraço

teresa g. disse...

:) E no entanto são belos!
... ao contrário das máscaras...

Beijos

addiragram disse...

Não haverá em cada uma destas "almas" um coração que se esconde ou se apaga, mas
que deixa "escapar" uma qualquer ponta? Para lá da necessidade o que levará alguém a querer provocar pelo "imobilismo " os passantes?
Não sei porquê mas recordei-me daquela maravilhoso conto do Henry Miller " O sorriso aos pés da escada".
Um beijinho para ti.

butterfly disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
butterfly disse...

O cansaço da imobilidade.
Beijo

Aragana disse...

Tão lindo!

jlf disse...

Claro que, mesmo na sequência do que deixei comentado no post anterior, também algo de estranho se ocupa do meu íntimo ao presenciar aquele espectáculo. Também dou comigo a perscrutar anseios...

O que sei (penso saber) é que o mundo da arte não se abre por igual a todos os que têm potencialidades nesse âmbito...

Até...

jorge esteves disse...

Não sabia de regressos!...
Volto logo que possa.
Abraço.

APC disse...

Fica-nos a angústia de as verdadeiras expressões nos estarem vedadas... Pois é!

P disse...

Já pensei tantas vezes nisto... e não deixa de me angustiar imaginar a vida por debaixo da máscara. Se calhar, é problema meu...

Isabel disse...

As Ramblas como dizes, querida B, estão cheias de máscaras... assumidamente mascaradas.
Pensar nisso causa-me alguma tristeza mas confesso-te que mais, bem mais tristeza me causam estas máscaras sem pintura com que me cruzo todos os dias.
Magoa-me mais a máscara que eu própria tenho de vestir, e a personagem que tenho de encarnar todos os dias.
Cruzo-me nas passadeiras, nos cafés, nas empresas com mil mascarados, olho para dentro dos carros em fila ao início e ao fim do dia e penso: lá vão eles para o baile de máscaras que é esta nossa vida nas cidades, e deles e de mim tenho pena.
Tenho amigos que se mascaram por arte, os actores, e também tenho uma amiga que é palhaço e deles não tenho pena, tenho orgulho, põem a mascara e tiram a máscara e tudo é assumido por eles e por todos.
Quem se mascara na rua pedindo uma esmola em troco da sua arte dá-me alguma tristeza mas confesso a tristeza é mais de mim, de todos nós os que os olhamos e lhes deixamos uma esmola sem pensar na esmola que recebemos todos os meses em forma de ordenado pela nossa máscara bem menos artística.

Sabes B tenho bastantes fotografias dessa árvore que adorei.

Um abraço desmascarado para ti minha amiga,

Isabel

Chat Gris disse...

À semelhança do circo, também isto me põe triste.

Manuel Veiga disse...

"pedintes/animadores" - a estética da fome?!...

tens razão. excelente post. mensagem simples que explode como uma chicotada.

Frioleiras disse...

dá-me sempre uma certa melancolia...

lembrei-me de outra coisa...em pequena ...não gostava de ir ao circo! tinha pena de os artistas andarem de terra em terra sem terem uma casa, por pequenina que fosse, que sentissem como o seu porto de abrigo...

rach. disse...

Via-os nas ruas da cidade onde morava, vi-os em frente ao Georges Pompidou… um fascínio para os olhos adolescente que eu era. Mais tarde, apercebi-me que algumas máscaras eram paraísos artificiais… que havia o ser e o parecer, e o estar. Enfim, a arte circense de um certo quotidiano

1 beijo sem máscara, linda

Tozé Franco disse...

Também por aí andei no Verão e vi alguns dos que estão nas fotografias.
Tempos virão em que haverá mais a fazer de estátuas do que para os apreciar...
Um abraço.

Manuel Veiga disse...

beijos...

jawaa disse...

Tens razão, transmitem tristeza, a par da admiração por aquela forma de arte... e capacidade de imobilização!
Abraço

della-porther disse...

gostei de vir aqui. leveza e criatividade. levo-a pro meu Cidade e voltarei.



della

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

Faz-me lembrar o imobilismo do meu dia a dia. E também o visto de cenários de sonho para não desalentar as estátuas que me observam.

Era uma vez um Girassol disse...

Querida Bettips, de volta da tal viagem de saudade venho cheia de energia positiva, vontade de me reformar e partir para destinos onde possa estar assim... Mergulhada em águas mornas com os raios de sol a morder a pele!
Vamos ver...
Beijinhos da flor

O Profeta disse...

Como encenador que sou, tenho um grande fascinio por esses personagens...


Doce beijo

neva disse...

hehe sei por onde andastes, também vi isto recentemente :)

C Valente disse...

Bonitas fotos
saudações amigas