quinta-feira, janeiro 22, 2009

O peso...

Tentamos manter a flor da pele à tona de nós.

Ensaiamos ver mais longe: o que virá a seguir a um nevoeiro atávico de tantas palavras?


Aguardando como crianças inocentes que o verde-esperança nos tome.

Nas águas em que se movem os turvos.

Uns seres minúsculos sobre o nosso rochedo de país tão mal gerido.


Dum grasnar, antes, durante e depois. Desconcentrados do que nos é essencial.

"O peso do processamento de tanta informação, em sessões contínuas..."
Dizia-me a Arábica, cansada como muitos que nem ousam dizê-lo.

E também, entre tanta bandeira, me dizia a minha avó: que quando a esmola é grande, o pobre desconfia!

15 comentários:

Maria disse...

Belas fotografias, e o teu jeito tão especial de falar dos pesos nossos...
É bom passear-me aqui em noite de chuva e vento. Gosto de muita chuva e muito vento (desde que esteja em casa)...

Beijo, Bettips

hfm disse...

Fiquemo-nos com o que o país tem de bom e tu aqui ilustras. O resto...

Teresa Durães disse...

Às vezes não se vislumbra nada de bom para este país. Ler as notícias é procurar a angústia. Por vezes temos de olhar em volta e esquecer um pouco este dia-a-dia

M. disse...

Uma belíssima maneira de te afirmares interrogando-te, ou de te interrogares afirmando-te! Muito ao teu jeito. Gostei mesmo.

Arábica disse...

Bettips,


sabes o meu segredo?


sacudo a alma como os cães gostam de se sacudir depois de um passeio à chuva.

Eremito-me entre livros, musica, velas com cheirinho, lãs de mantas coloridas, ruas de pedras polidas, rios de convite à viagem...

Resulta :) amiga, resulta!

Beijinhos

A Lusitânia disse...

"Desconcentrados do que nos é essencial", é isso, tantas vezes esquecemos o prioritário, perdendo-nos no superficial! Belas fotografias. sempre tu.

WOLKENGEDANKEN disse...

Muito bonitas ilustracoes do texto ou entao texto muito apropriado as fotos. Tambem gosto destas "fotoreportagens do mundo interior"

Infelizmente nao estou o suficientemente informada da actualidade portuguesa para saber de que esmola trata-se. Explicas-me ?

Alien8 disse...

Bettips,

Não fossem as fotos, e diria que foste tomada por um surto de cepticismo :)

Mas as fotos... essas transmitem leveza. E a esperança, não é verdade?, é "a coisa com penas"...
Já não é a primeira vez que deixo este poema num blog... se foi no teu, desculpa a repetição, mas vem a calhar.


Hope

Hope is the thing with feathers
That perches in the soul,
And sings the tune--without the words,
And never stops at all,

And sweetest in the gale is heard;
And sore must be the storm
That could abash the little bird
That kept so many warm.

I've heard it in the chillest land,
And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity,
It asked a crumb of me.

(Emily Dickinson)


Enfim, tiraste-me as palavras da boca.

Um abraço.

Filoxera disse...

Belíssima, esta sequência. É como se lá estivesse.
Parabéns!

Alberto Oliveira disse...

- O senhor vai-me desculpar mas... reparou bem que me põs uma nota de dez euros nas mãos? Não se enganou por acaso? é que eu sou pobre mas honrado...

- Ó meu amigo! só pela sua honestidade toma lá mais uma nota. E desta vez -veja bem, é uma daquelas que os portugueses não "tratam por tu": uma nota de cinquenta!

- Meu senhor! sinto-me mil vezes agradecido e vejo que a pobreza e a honradez andam de braço dado e podem ser recompensadas...

- Como nós somos diferentes mas compreensivos, meu amigo! Eu sou rico e... um honrado do administrador do Banco de...



beijinhos e sorrisos.

mdsol disse...

É muito bom ler quem sabe ir além da espuma da aparência das coisas. Como diz a Wolkengedanken, fotografias e texto completam-se exemplarmente!

:)))

mena maya disse...

Aguardando como crianças inocentes que o verde-esperança nos tome.

Que nos resta senão deixarmo-nos "infectar" pela esperança?

Palavras e fotos deixando vir à tona a tua grande sensibilidade!

Um abraço

Arábica disse...

Bettips


Com o olhar na Karpa do lago, aqui fica o meu beijo dominical.


:)

Manuel Veiga disse...

sufocante. por vezes. o peso...

(mas valem as tuas palavras. as as fotos...)

beijos

jawaa disse...

Da bonita sucessão das primeiras fotografias, levaste-me até Alhambra. Às vezes pergunto-me o que seríamos nós hoje se não tivéssemos «enxotado» os Árabes do espaço que habitamos... talvez soubéssemos estimar um pouco mais o nosso património, belíssimo e maltratado.

Mas o que me leva a deixar-te comentário é a imagem desses patos (sabes que adoro patos, sou pato afinal) grasnando.

Nada poderia estar mais certo do que associares essa bicheza tonta a nós. É o que somos todos. Ainda em baixo de forma, não consigo arrancar nada desta alma grande portuguesa, é tudo um horror, a TV, até os telejornais me assombram.
Quando vai acontecer pararmos um pouco e acreditar em uníssono «yes, we can!»?

Meu pai dizia que o pior que nos aconteceu foi não termos entrado na guerra. Como sinto essa verdade! Acreditamo-nos pobrezinhos, desgraçadinhos, o pai-governo ajuda, tudo vai passar...
«Sou lúcido! Merda! Sou lúcido!»
Um beijinho

PS. Desculpa o comentário longo, mas aqui será só para ti, já poucos virão ler.