sábado, maio 02, 2009

Gestos do Pão, gestos comuns







(Vermeer "The Milkmaid" 1660-1661)

Da leveza do improvável!

Se tudo é metido em sacos, envólucros, latas, papel. Etiquetado e desfiado de constituintes elementos, uns verdade outros mentira, siglas comunitárias e códigos de barras.
Faz por agora alguns - poucos - anos que me deu para vir aqui, sorrateira-a-mente a querer-se ao sol, aos olhos, ao público. A saber-se escrita, ouvida. A ler-se a si mesma e a nem saber se é a mesma.

Que código de barras teria eu se fosse um livro, um pão, um quadro?
Uma embalagem?
Que mapa me indicaria o vértice das pedras e das giestas?
Do museu onde?
Do pedaço de mar, ar, do caminho de monte, de sombra das árvores?

Da luz? Qual o código de barras da luz interior que ainda (me) ilumina?

11 comentários:

teresa g. disse...

Acho que a nossa liberdade é esta incapacidade de alguma vez encaixar num código de barras ;)

Espero que nos continuemos a encontrar por muitos mais nestas andanças, mesmo que as virtuais embalagens se vão renovando.

Beijos

Alien8 disse...

"Tantas perguntas, tantas respostas" :)

Abraço.

Maria disse...

"Vermeer".... lindo!!!!!
Vou contar-te um segredo: nasci por cima de uma padaria. Com todos os cheiros: a farinha, a levedura, o lenha, o forno quente, o pão lêvedo.
A amassadeira com as suas pás (oh mãos minhas, tantas vezes metidas nas amassadeiras de pás e uma única vez "amassadas"...), a máquina de cortar as vianinhas, as brasas a sairem do forno, as pás (enormes) a enfornarem não sei quantos pães de uma só vez, o cheiro da "casa" das farinhas, o pano (que ainda guardo) do saco onde a farinha era transportada. Os montes de "caruma" e pinhas por onde escorregava qual baloiço e escorrega. Cheia de resina nas pernas. E nos vestidos. E o "ralhete" a seguir...
Que importa, se foi um dos tempos mais felizes da minha vida?
O cheiro do pão. Acabado de pôr no forno. Ázimo. Acabado de sair do forno. Delicioso. Com manteiga. Manteiga e açúcar. Com azeite. E alho. Sabia a bifes....

Sabes do que te falo?

Um beijo grande, Bettips

WOLKENGEDANKEN disse...

A vida nao tera nunca codigo de barras.E por etiquetas a tudo e a todos é a nossa forma de nos impedir a viver verdadeiramente, a tocar a vida genuiuna com as nossas maos nuas, a vida autentica de poucas etiquetas precisa porque sempre nos oferece umas voltas novas e interessantes. So que nos com a nossa maré de etiquetas nao vemos nada !!

um bom Domingo, Bettips

jl disse...

Belas. Expressivas imagens.

E de novo a tua sensibilidade à flor da pele!

De que gosto sempre.

abr

mdsol disse...

Q. Bettips
Por motivos variados não tenho podido andar por aqui. Vou espreitando a correr! Fico contente com as tuas visitas e peço desculpa por não poder retribuir. Qualquer dia entra tudo na "normalidade"
Um bom dia para ti.
bjs
:))

Teresa Durães disse...

eu tenho esse tipo de etiquetas relativamente a outras coisas. mas na escrita, se publicada, já me disseram que se passa a ser autor. irónico

Maria P. disse...

Não existe um código, existe mistério em cada palavra(tua).

Beijinho*

Meg disse...

Querida Bettips,

Que longe estamos da The Milkmaid, do Vermeer!
E se não nos pomos a pau, qualquer dia, além das vacinas, teremos de usar um qualquer chip... ou código de barras, sei lá!

Seremos normalizados até...

Mas a nossa luz interior, ninguém, jamais, se apoderará.

Beijinhos

Manuel Veiga disse...

"Que mapa me indicaria o vértice das pedras e das giestas..."

talvez não exista mapa - apenas o teu caminhar entre giestas floridas.

... e a partilha dos gestos. (in)comuns.

beijos

Anónimo disse...

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