Com a semana do PPP e a palavra/imagem Geometria escolhida, lá fui pelos carreiros do tempo, até um lugar. Tão perto, onde vivi a infância cuidadosa e severamente guardada.
A casa aninhava-se entre duas quintas e eu espreitava as janelas, ora a da frente ora a de trás: habitava em sonho "o espaço que sonhava" para poder brincar.
A quinta em frente ocupava todo um quarteirão e estava abandonada já nesse tempo. Nunca lá vi ninguém. Só barreiras verdes, portões fechados e uma velha casa cinzenta.
A quinta em frente ocupava todo um quarteirão e estava abandonada já nesse tempo. Nunca lá vi ninguém. Só barreiras verdes, portões fechados e uma velha casa cinzenta.
As árvores, trepadeiras, heras, camélias, transbordavam pelas paredes da terra e do céu. Floresciam à medida dos meus olhos: raramente se notava a nudez do Inverno porque havia sempre uma variedade de arbustos e árvores de folha perene, onde o vento e a chuva se perdiam desencontrados um do outro.
O edifício foi parcialmente recuperado há uns anos, integrado num enorme mas esteticamente equilibrado - !vá lá, nem tudo é feio! - condomínio fechado, que mantêm o ar de mistério do lugar.
Das árvores, um adeus eterno, perpetuado unicamente em dois belíssimos plátanos na entrada. Os que recordo sentinelas do meu passar.
Então entrem o portão comigo e acariciem a pedra ainda reflexiva do meu olhar pequeno.
15 comentários:
E após franquear esse portão, aquele que nos faz entrar nas vivências da infância, somos todos guardadores das memórias que nos fizeram crescer e que nos vão mantendo humanizados, enraízados no que é importante.
A pedra mantem-se quente...
Mesmo de olhar pequeno preservaste memórias que aqui nos mostras...
Não sei se gosto mais do texto se das fotos....
O post, no seu todo, é excelente.
Beijinho
Há lugares mágicos nunca perdidos na nossa memória.
Olá bom dia!
Hoje passei por aqui para dizer que te deixei uma surpresa no meu cantinho.
Beijinhos.
Olá Bettips
Tempo ido, mas recuperado que teus e nossos olhos hoje festejam!
Beijinho
Texto interessante. Imagens elucidativas.
Grandes as diferenças de educação, nesses tempos, no que ao género respeitava... “infância cuidadosa e severamente guardada”, a vossa... Talvez, até, para além da infância, uma adolescência constantemente vigiada, Não?
Nem como ontem nem como hoje.
Hoje, creio poder referir-se uma infância e uma adolescência geralmente desacompanhadas, deixadas à sua sorte. Quer deles quer delas (moços e moças), quer por parte deles quer por parte delas (pais e mães).
Nem a cerrada vigilância de ontem, nem o abandono ou a quase absoluta ausência de hoje!
Como é bom andar por aí de maos dadas na tua nostalgia.
Em janelas, e caminhos tantas vezes percorridos....
Beijinho com carinho
Bettips,
são sagrados estes lugares que guardam memórias da infância!
Obrigada por me teres levado contigo!!!!
Um beijo
Talvez tenha vindo para ficar se quiseres blogar comigo. Eu quero blogar contigo.
Bjos
circular o tempo perdido...
gostei muito da (tua) viagem.
e(s)coa se-me o olhar
nas palavras de proust.
pelos teus olhos.
belo: muitO.
.beijO
É curioso como até aqui
em paz
existem sentinelas
Ainda bem
afinal encontrado, este tempo...:)
beijo
É terrível a sensação do tempo perdido.
Belas imagens e palavras com tanto sentido.
Já tinha saudades de passar por aqui, já terminei os exames, por isso... aqui me tens!
beijinhos
Ana Paula
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