terça-feira, março 16, 2010

Robínia e amores







Pela veneração que tenho pelas árvores, todas as árvores.
Que haveriam de ter o seu espaço.
Ao ler o artigo de Susana Neves na revista Tempo Livre - a propósito de mais um corte higiénico no Jardim do Príncipe Real -, recordei-me da "acácia do Jorge" (filho de Camilo Castelo Branco) e uma visita que fiz a S. Miguel de Seide.
Uma Casa-Museu onde se sente a presença viva de quem a habitou: Camilo Castelo Branco e sua mulher Ana Plácido.
A vida aventurosa (e desventurada) desta relação é conhecida. Mas o que é original é uma das vivências de Ana Plácido no contexto da vida do escritor: diz-se que se sentava, com o seu charuto, por trás duma janela ou num banco de pedra do quintal, falando com a gente da aldeia que por ali passava.
De tantas histórias e enredos que ali ouviu contar, muito ficou escrito/descrito nas obras de Camilo.
A árvore sobrevivente ainda lá está, ao lado da escada de acesso à porta principal: a Robínia, a "acácia do Jorge".

Estranhamente, ao ir ver alguns apontamentos dessa minha visita, dei com os olhos na data de nascimento de Camilo, em Lisboa: 16 de Março de 1825, ou seja, há precisamente 185 anos!

8 comentários:

Alien8 disse...

Bettips,

Interessante história, a que contas! Para além dos crimes contra a natureza, fica talvez um dos segredos de Camilo, ou de uma fonte onde bebia.

jrd disse...

Apesar de tudo, há árvores que "vivem"de pé...

Justine disse...

E eu que não sabia que o Camilo era de 16 de Março! (e pego nesse aspecto do teu post, para não me pôr para aqui a berrar assassinos e bandidos e outras coisas parecidas a esses senhores que matam árvores...)

Rui Fernandes disse...

Pois hoje estive a cortar o cabelo às minhas árvores. Primeiro, a um carvalho que tinha umas madeixas enormes a mandar bolota para as florzinhas do jardim Poente. É claro que, em vez de florinhas, tinha carvalhinhos, que estes fazem-se à terra onde quer que lhes cheire a água. Estes foram-se de arranque com os seus pezinhos colados à bolota. Depois, uma carecada à oliveira ao pé do poste de demarcação a noroeste. Talvez seja mais ilustrativo dizer que a desgraçada foi literalmente decepada, pois ficou só com o pescoço à mostra e vai ficar uns anos a ramificar até voltar a dar azeitonas. E nisto se passou um dia porque há que desramar todo o produto da poda, acumular o que é para queimar e fazer toros para no Verão assar as sardinhas. Assim se passou um dia na companhia das árvores do tremontelo.

Manuel Veiga disse...

existem também árvores venturosas e árvores desventuradas...

beijo

Alberto Oliveira disse...

"Robínia e amores", o desamor que alguns nutrem por tudo quanto é árvore de pé e o carinho profissional de outros que até lhes cortam o cabelo...
Dava uma coisa má ao Camilo se voltasse à Lisboa destas eras...

Uma coisa boa são os motivos que movem encontros. Desta vez é a Teresa a responsável.

Beijos, sorrisos e até sábado.

Maria disse...

A ternura das palavras que te escorrem dos dedos quando falas de árvores... e desse amor tão forte de Camilo e Ana Plácido...

Espero abraçar-te no sábado...

Beijinho.

Filoxera disse...

Adorei o post.
E que bela casa, onde eles viviam.
Beijos.