Fotos recuperadas de uma alegria imensa. De um companheirismo actuante. Novos e esperançados, velhos e motivados pela mudança. Tivemos aí a certeza de que podíamos sair à rua, que o feriado nos era finalmente dirigido e merecido.
Hoje, uma grande percentagem de nós está reformada, de fora ou em vias de ser varrida do sistema. Ou nunca se pode integrar nele.
Ou nunca encontrou emprego depois de o perder. Ou sente-se ameaçada pela diligente eficácia dos ministérios. Ou anda a monte e a prazo em lado nenhum onde tenha raízes.
Uma sociedade não é verdadeiramente justa e democrática se prescinde das suas forças de trabalho, vivas, experientes, em nome duma qualquer poupança ou reforma de estatutos.
O poder e as decisões deveriam estar nas mãos dos melhores: não os melhores em equilibrismo tecnocrata ou malabaristas da palavra. Os homens e mulheres bons deste País haverão de encontrar um caminho e gerir esta casa como uma casa de família: uma casa onde nos sentiremos confortáveis, seguros, independentes.
Uma família de valores humanísticos, culturais e patrimoniais.
Esse é o significado de estarmos juntos neste Dia do Trabalhador: a construção da nossa Casa Grande onde poderemos viver em plena igualdade de deveres e direitos.
Em justiça e em paz.
Que nos permitam anoitecer com esta esperança ainda!
22 comentários:
"Uma grande percentagem" "nunca encontrou emprego depois de o perder. Ou sente-se ameaçada pela diligente eficácia dos ministérios. Ou anda a monte e a prazo em lado nenhum onde tenha raízes."
Dói!
"O poder e as decisões deveriam estar nas mãos dos melhores: não os melhores em equilibrismo tecnocrata ou malabaristas da palavra."
Antes os melhores porque os mais desinteressadamente dispostos a servir a comunidade, esquecendo-se de si próprios.
É uma certeza. Que não só uma esperança...
Força! Adiante!
1. tens o meu telefone. ainda estás cá?
2. gostei do teu primeiro de Maio. O meu é diferente, tem outro significado
beijos ( a ouvir Janis Joplin!!)
Felizmente podemos continuar a festejar Maio, graças ao Abril que o precedeu.
E continuamos (apesar de nem tudo ser bom), a fazer e a dizer muitas coisas, antes impossíveis.
(só um reparo ao título da postagem: referes-te ao primeiro 1º de Maio, ou seja, ao de 1974 e não ao de 75, não é?)
Beijinhos e bom feriado.
de sonho, estas imagens.De alegria incomensurável.
Beijinhos embrulhados em abraços
E a Liberdade está a passar por aqui...
Que viva o 25 de Abril , sempre!
Que o 1º de Maio NUNCa DEIXE de ser celebrado, para bem de todos nós!
beijos
Ana Paula
Boa colecção de fotos.
Gostei de te ler, e partilho as tuas opiniões.
Curiosamente, sabes que nos Estados Unidos, um país particularmente desumano nas suas relações laborais, é proibido seleccionar candidatos num recrutamento pela idade ou sexo? Se os teus conhecimentos forem os apropriados, tanto faz teres 20 como 70 que serás a pessoa escolhida!
Recordo sempre com emoção o meu 'Primeiro de Maio de 1974" e todos os que se seguiram e que pude festejar em LIBERDADE!
*** I.
Embora sabendo de cor todos estes momentos, vividos por dentro, mas longe...aqui encontro a memória desses dias, e um texto que muitos de nós gostaríamos de ter escrito.
Um beijo
"O poder e as decisões deveriam estar nas mãos dos melhores: não os melhores em equilibrismo tecnocrata ou malabaristas da palavra."
Mas para isso é preciso que nós, os que escolhemos, saibamos escolher. O problema é que a maioria das pessoas valoriza os malabaristas da palavra. E eu, quando chega a hora de escolher, não me apetece escolher nenhum! (detesto politica)
Vamos esperando...
Beijinhos e bom resto de feriado!
Um texto que prova quão bonito pode ser falar de justiça social, de liberdade responsável, de comprometimento, de harmonia... sem frases feitas, nem repetições cansativas.
É um ideal bonito e justíssimo, o que aqui descreves, e também eu gostava de pensar que não é utopia...!
Fraterno abraço!
Tomei a liberdade de publicar lá no Charlas o meu comentário, com ligação para este teu texto.
A esperança tem de renascer e o País também. Por muito que não pareça depende de todos nós. Mas somos um povo tao fatalista! :)
Bjs.
Os "melhores" são mesmo os equilibristas tecnocratas, os malabaristas da palavra. Trocado por miudos, aqueles que convencem sem grande dificuldade, o cidadão comum que a sua participação activa na coisa política, acaba no acto eleitoral ou pouco mais. Este é um problema sério, português. Não apenas de falta de informação ou se quisermos de iliteracia. "Eles estão lá e são quem ganha o dinheiro, por isso que se preocupem." A demissão não é uma ilusão de óptica nem a falta de exigência nas pequenas coisas do quotidiano, de uma importante fatia da nossa população.
Muita água há-de correr nos rios?! até que se verifique um maior equilíbrio (ou dignidade) social neste país. A "família política portuguesa" pouco ou quase nada tem mudado de actores principais e se se acabam os primos há os afilhados, que os aparelhos partidários resolvem isso com uma perna às costas. Está gasta e acomodou-se às benesses do poder. Do topo da pirâmide, até ao elemento mais anónimo de uma qualquer junta de freguesia. A democracia também tem destas coisas...
abraço.
Bettips
Que o mês de Maio te sorria!
Beijo
MFFGM*
Tá bem! Vou também pensar num dromrdário à entrado do CCB.
Essa de me chamares rapaz, foi o meu momento alto deste primeiro de Maio. No de 74, dava os primeiros passos para o fim da minha ingenuidade política.
... dromedário! caraças! Bom, é melhor escrever camelo para não me enganar mais vezes...
Estive no primeiro 1º de Maio de 1974, claro.
Foi único!
Bjs
afinal estivémos todos lá!!!!!na altura até morava ali mesmo, perto do Estádio.
Essesmomentos ninguém nos tira mais nem esta Liberdade de que antes apenas nos faziam ter medo.
Estive a ver a reportagem do António Barreto , sobre o Portugal de há 50 anos e a evolução q se tem verificado - é impressionante!
Um abraço para ti
"O poder e as decisões deveriam estar nas mãos dos melhores"
Subscrevo as palavras de uma comentadora mais acima: apenas depende de nós que não sejam os melhores a tomar tais decisões. Mas para tanto era necessário que fôssemos um povo muito mais esclarecido do que somos... e isso está tão longe do noos horizonte.
Obrigado pela visita e pelo comentário
Um abraço
Bom texto!
"Uma sociedade não é verdadeiramente justa e democrática se prescinde das suas forças de trabalho, vivas, experientes, em nome duma qualquer poupança ou reforma de estatutos."
... Esta ficou-me. Bate forte, o som da verdade!
Um abraço.
Gostei muito de te ler, Bettips. Foi tão bonito em 1974!
Saudades minhas, com certeza, andam perdidas algures naquele olhar de toda a avenida dos Aliados...
Abraços!
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