domingo, junho 17, 2007

Linhas e Livros I








Em tentação assumida pelo espaço que o rodeia, fui finalmente visitar o Centro Cultural de Belém e reparar nas linhas, a textura das paredes, os espaços, a luz.

Quis esquecer-me da polémica e olhar a obra sem preconceito.
Difícil, pensando que foi concebido para a presidência portuguesa da União Europeia, em 1992, como o parente pobre que põe a sua melhor toalha na mesa das visitas.
Estranho, concluir que o presidente hoje era, à época, o primeiro ministro.

Uma tarde bonita e contudo como um templo deserto: contados a dedo, deveriam ser mais os empregados que os visitantes. No Dia Internacional da Criança, julguei que o aproveitassem para a fruição dela - cultura - por elas - crianças.

Surgiu a minha proposta para o PPP, em "Linhas". E uma tristeza que não sei definir: todos estes espaços, tal como tantas vezes no Parque das Nações, me parecem mal aproveitados, pouco dinâmicos e desligados da realidade cultural portuguesa.
Quando nos habituaremos a consumir a arte, a música, a pintura, o teatro...como o pão, a água do nosso espírito?
Imagino, perversamente, a quantidade de carros que veríamos dirigirem-se para um qualquer ... "Centro Comercial de Belém", àquela mesma hora!

18 comentários:

Leticia Gabian disse...

Pois é, quando iremos assumir o hábito de consumir arte em todas as suas formas?


Tem um carinho pra ti lá no Som&Tom. É de coração.
beijinhos

jlf disse...

Óptimas fotos, antes de mais.
Escalpelizaste o CCB... Quase ao mm.

Depois...

Quando...?
Ora quando: nunca... Ou daqui a muitas gerações...

Como? Qual perversão!!!...
A dura realidade (e gostei desse trocadilho com o CCB).

Depois...

Toalha de linho na mesa das visitas...
Ó Bet: mas eles só querem perpetuar as suas vaidadezinhas... Nada mais!
Ah, e claro: fazer de conta!
zl

Rosa disse...

;-)****

Magri disse...

Se fosse "Centro COMERCIAL de Belém" teria de certeza muito mais visitantes.

E ouvi dizer que iam construir mais um mamarracho em frente do dito, a esconder mais um bocado do Tejo.
Será que os lisboetas, tão dados ao protesto, não se indignam com isso?

Beijinho e boa semana.

Teresa Durães disse...

a pergunta tem uma resposta simples, do meu ponto de vista. Quando deixarmos de venerar o deus dinheiro e passarmos a dar importância à vida

um beijo

hfm disse...

"Quando nos habituaremos a consumir a arte, a música, a pintura, o teatro...como o pão, a água do nosso espírito?"

Quando soubermos investir na verdadeira educação.

Teresa David disse...

Tiveste azar pois já fui a exposições no CCB que tinhamo-nos de pôr em bicos dos pés para ver os quadros por cima do ombro do vizinho. Foste em altura de férias certamente ou em que não estava nada apelativo para o publico em geral.
Obrigada pela visita e simpáticas palavras, como sempre, tudo de bom para ti.
Em breve mais umas crónicas da viagem irão aparecer.
Bjs
TD

Paulo disse...

Fotos muito bonitas de um edifício "difícil" mas que eu acho importante. Também já vi o CCB muitas vezes a abarrotar. Mas é preciso que se façam coisas boas ou, pelo menos, apelativas. Quando em vez de se dar continuidade a projectos como a Festa da Música se deixa o CCB a definhar, sem um programa que motive o público a continuar a frequentá-lo...

Maria Carvalhosa disse...

Conseguiste captar muito bem as linhas e a luz do CCB. Quanto ao resto... que dizer senão que estás coberta de razão?

Beijo.

M. disse...

Pois tens razão, mas já lá estive com muita gente. Claro que há muitos mais a quem não chegam nunca estes espaços porque estão marginalizados e não deviam estar. Tenhamos no entanto esperança de que o país entenda que a educação é essencial ao Homem e à sua felicidade, muito mais do que o dinheiro e as futilidades.

M. disse...

Esqueci-me de dizer que gostei muito das fotografias.

miruii disse...

Centro Comercial dá mais pica...
Centros culturais... que falta de imaginação! Não temos de papar a cultura que eles querem, mas muitas, aquelas que nos atraem, que nós gostamos... e gostamos todos de verdadeira cultura!
Picada doce para a minha linda

Alberto Oliveira disse...

... ainda é coisa que os nossos hábitos (culturais) não assumiram, embora as "finanças" expliquem muita coisa. É sobretudo nesta área (a da cultura visível, que daquela que não se vê nem me apetece escrever sobre ela) que o país regrediu. É assim mesmo como escrevo: regrediu. E lamento que tenha de ir às "franças & araganças" para ver o aproveitamento que se dão a estes espaços. Neste contexto, Serralves (sem ser óptimo) ainda é o "oásis no deserto*

* Sem alusão ao "deserto da margem sul" da gaffe(?!) do ministro.


Abraço.

Maria P. disse...

O consumismo esse devorador mal direcionado.

Interessantes as fotos.
Beijinhos:)

Estranha pessoa esta disse...

Estive lá à poucos dias..

Quem sabe se nao passei por ti ;)

Abraço grande para ti, aqui bem daqui de mim **

Meg disse...

Mas não é só o CCB... infelizmente.
Nem sequer é preciso sair de casa.
Arte? Cultura? Se nem na TV, que é de borla!
Venham as grandes superfícies (sim, que C.Comercial já não se usa!!!
Beijinhos

Anónimo disse...

É preciso cultivar o gosto pelas artes logo na infância, pois aí se ganham os bons hábitos!
Um bom exemplo, a INSEA, uma organização internacional que congrega artistas, pedagogos, agentes educativos em galerias, museus e serviços culturais, animadores socioculturais e outras pessoas com interesses similares pela educação artística visual e educação pela arte.
Quem ainda não conhece pode dar uma espreitadela aqui:
http://www.insea.org/ e também aqui:
http://insea2006.apecv.pt/index_pt.php
para o Congresso do ano passado em Viseu.
Das fotos gostei muito!

Maria disse...

Bettips

Não passava por aqui desde que fui até à ilha.
Obviamente sabes que as fotos me encantam, mas neste texto, referindo o CCBelém quase deserto, apetece-me fazer uma pergunta: será que os nossos governantes estão interessados em levar a cultura às crianças e aos jovens?
Porque é de pequenino que se criam os hábito...
Um povo culto é um povo rico e livre, mas será um "perigo" para quem o governa....???

Beijinhos