terça-feira, junho 12, 2007

Os desafios II





Retomando (desa) fios, não tenho nada contra quem faz, nomeia ou destaca. É uma forma de convívio como outra qualquer. A que não adiro, simplesmente.
Acontece que uma pessoa admirável me nomeou uma vez. Escrevi-lhe, expliquei-lhe, ditei as dezenas de nomes que "me faziam pensar".
Incrívelmente triste: esse ser há já quase um mês que não está entre nós.
Talvez me arrependa de não ter feito o que me disse: foi com tanto orgulho que me senti escolhida por ele!

Custa-me imenso entrar nessa formatação de sentimentos.
Sem preguiça mental, poderemos descobrir os gostos das pessoas que preferimos.
Ou perguntar-lhe directamente; nada mais simples.
Estaremos sempre sujeitos aos jogos de bilhar, à bola preta, à manipulação das palavras, à perversidade dos sentimentos, ao egocentrismo dos que só se vêem a si próprios em espelho.
Tanto faz ser aqui, no espaço da net, como com os nossos familiares ou amigos.
A corrente faz-se, por vezes, por simples comentários que vamos fixando. Em figuras que alguma vez imaginamos e surgem em outros lugares: empatias.
Risos. Ideias. Fotografias. Desejos. Citações.

Nunca seremos reduzidos/resumidos por palavras. Aqui semeamos terras de amor e amizade, cúmplices. Tal como os meus bisavós cuidaram das vinhas das quais outros bebem os vinhos, em títulos de hoje.
Se calhar, não chegaremos a ver a colheita dos sentimentos que todos espalhamos. Sabemos, simplesmente, que o fizemos com a melhor intenção.
Respondo ao pedido da "Luz Harmonia" com o "meme" ( já toda a gente sabe o que é , donde veio...inesgotáveis invenções...) seguinte:

"Onde li eu que no momento final, quando a vida, superfície sobre superfície, se incrustou de experiência, saberás tudo, o segredo, o poder e a glória,
porque nasceste, porque estás a morrer, e como tudo poderia ter sido de outra maneira?
És um sábio. Mas a sabedoria maior, nesse momento, é saber que só o soubeste demasiado tarde.
Compreende-se tudo quando não há mais nada a compreender."

Parece-me este um "meme" do próprio Umberto Eco, no livro "O Pêndulo de Foucault" pág. 553. Busco de novo o meu mar para que me acompanhe, mais uma vez, em momento de verdades.

7 comentários:

Era uma vez um Girassol disse...

Adorei, adorei...
O post anterior...os anos 60...
Que graça, lembrares isso tudo...
Desafios, alguns têm resposta.
Também passo os fwd, os pps....
Não há paciência...
Tenho o pé livre...como tu!
Beijinhos

Alexandra disse...

No que respeita ao "meme" são lindas as palavras que deixaste!

Acredito sinceramente que tenhas ficado orgulhosa por teres sido eleita para dar seguimentoa algo por essa pessoa admirável que é do nosso conhecimento comum. Mas B. não te arrependas. Essa pessoa, admirava acima de tudo a honestidade e sinceridade. Fizeste o que devias ter feito e ele percebeu. Tenho a certeza!

Incrível como o nosso pensamneto está sempre a associá-lo... mas isso é bom! Significa que era um Ser Extraordinário!

Alexandra disse...

Desculpa fazer outro comentário separado mas não quis misturar...

As tuas fotos são maravilhosas, todas elas! A segunda, extraordináriamente bem conseguida. Quando a olhei até senti o cheiro característico das algas trazidas pela maré e depositadas no areal. Fantástico!

A quarta... bem, essa para além de bela, tem um significado muito especial para mim. Obrigada!

Beijo!

jlf disse...

"Formatação de sentimentos"... É... Parece socialmente mais correcto.

De quando em quando... lá terá de ser...
Mas com a idade adquire-se um estatuto que torna muito mais raras essas situações.
Que bom!
zl

jlf disse...

E não só com a idade...
zl

teresa g. disse...

Posso discordar? Posso-me atrever a discordar? (Discordar de Umberto Eco é um risco. Mas discordar da minha amiga Bettips também. Serei eu simplesmente tonta?)
'Mas a sabedoria maior, nesse momento, é saber que só o soubeste demasiado tarde.' Eis o que discordo. Nunca é demasiado tarde. O tempo é que não é o que nós desejaríamos. Mas as coisas acontecem quando têm que acontecer. Só temos a sabedoria para as coisas quando é o tempo de a ter. Para quê lamentar, então?

Lamentemos amarguras, egoísmos, separações inúteis. Mas diferenças de opinião não! O que seria se sempre tivessemos que concordar mesmo que não concordamos? Será isso o apreciar as pessoas?

Bem amiga, grande discurso. Vou-me daqui que já estou a botar palavras demais!

Beijinho

bettips disse...

Não me atrevo a discutir a filosofia da terra, que é doce. Eu sou um pouco mais amarga e por isso, tenho essa frase de Umberto Eco, escrita há muito tempo. Repara que ele fala no "tempo final, no momento final, quando não podes mudar nada". Ninguém saberá o que se pensa... Mas sim, quanto menos lamentos, melhor viveremos o presente. O que não invalida que eu goste do pensamento. Não sou de dizer "ah... faria a mesma coisa outra vez...". Eu NÃO. Bjinho