sábado, fevereiro 03, 2007

Tempo e Mudança (em Lisboa)





Lisboa, a cidade clara que me tem presa em pensamentos de liberdade, morte e doença.

Não, não estive no terramoto de 1755. Nem no 25 de Abril de 1974. Só depois, em era de cravos e promessas, consolidadas em esperanças. Mais tarde; todos amigos éramos.

Lisboa, onde vimos os tanques e correntes de alegria, nas ruas e avenidas. E como nos sobressaltou a capital, a revolução e sua sequência. Só percebemos ser peões (nós, os do Norte) quando o xadrez se posicionou e as jogadas de fogo e ignorância se sucederam.
(um senhor doutor, velhinho e amável, muito culto e anti-fascista, nesse tempo com olhos e posições de equilíbrio, perigosas).

A cidade tornou-se rapace, no seu centralismo cego. A melancolia estendia-se nas vielas e o azul desbotava; nenhum exemplo, aliás, nenhum bom exemplo, para o resto do País.

A propósito do jogo do Fotodicionário e o retorno lento, nestes últimos anos, agora por laços de oportunidade e família, à capital.
Subir a Rua do Alecrim, passeio de outras lembranças. A placa de práticas oftalmológicas doutros tempos: "Clínica de Enfermedades de los Ojos y Quirúrgicas - fundada por A. Mascaró en 1870".
Adiante, as portas velhas mas verdes que Abril entreabriu.
As palavras de Eça de Queirós e a sua musa cáustica da Verdade. E contudo "sob o manto diáfano da fantasia" andamos.

Finalmente, a reconstrução em condomínios espelhados, onde pombas voam, entontecidas, sem telhas côr de telha para pousar.

Este o pensamento encadeado que lembrei com a sugestão de "Tempo".




23 comentários:

Teresa Durães disse...

vivi perto perto daí. no largo das belas artes ou... no largo da biblioteca pública. depende do ano. Ao fim de R. Ivens, onde Carlos do Eça namorou a (?) que não recordo o nome (incrível).

Saí com as mudanças. Chiado amado. Vivo. Onde o Tejo e os telhados da baixa eram a minha companhia.


Afastei-me e não voltei. Lisboa traidora que se revoltou contra os moradores.

beijos

bettips disse...

Mais uma coisa interessante ...de quem não se conhece de lado nenhum, como nós. Todos os portugueses e todas as cidades, recebem melhor os de fora que os seus filhos, acho. Bjs também, ave da madrugada!

Frioleiras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Frioleiras disse...

Movimento-me entre Santos (Janelas Verdes) / Saldanha /zona d Fonte Nova (Benfica) - Palácio da Fronteira / Miraflores /Camões (Gravura) ...

... por td a parte ...
a tristeza decadente desta Lisboa q s descaracterizou ...
mesmo s tivesse mt dinheiro ... n~~ao saberia qual o sítio em q estaria totalmente bem, de tal modo tudo à volta se estragou, se destruiu ... envelheceu...
A violência dos "pstos bravos /novoriquismo, e a decadência da alma de uma cidade ...

M. disse...

O teu pensamento é uma torrente de ideias... Interessantes as ligações que fizeste a propósito do "Tempo".

Diafragma disse...

Excelente trajecto este que nos leva à tua inesperada fotografia, em plena Lisboa!

o alquimista disse...

Vem para as ilhas...

E a lenda acontece. Em cada noite na Baía do Silêncio queda-se o céu na noite sombria, solta-se o sonho a fantasia...
Luminoso domingo...

Doce e terno beijo

Tozé Franco disse...

Bonitas fotos. Lisboa é uma cidade fotogénica mas sem "olho" nada feito
P.S.: O Porto não lhe fica atrás.

Era uma vez um Girassol disse...

Lisboa era bela e segura quando aí estudava...
Hoje...fujo!
Interessante este post sobre tempo e mudança!
Beijinhos

Maria P. disse...

Que pelo "passeio" até ao Tempo!

Boa semana e beijinhos*

Maria P. disse...

Não é "pelo", mas sim "belo".

Desculpa.

wicky disse...

durante anos subia (e descia) todos os dias o Chiado, até ao Largo do Camões, depois passei a ir um pouco mais para baixo lá para os lados de S. Bento e das Trinas, entoando outros hinos, fazendo passos que não foram perdidos mas percursos do meu caminho...hoje os trilhos são outros mas Lisboa fica-nos na memória dos livros de Eça, de Fernando Pessoa ou Bernardo Santareno, retratada em Dias de Desassossego.

Um beijo para ti

Alberto Oliveira disse...

... é um facto que a malha urbana portuguesa (salvo raríssimas excepções e em cidades ou vilas de pequenas dimensões geográficas) se descaracteriza a olhos vistos. Perservar o antigo (a história)conjugando equilibradamente com a modernidade (a evolução progressista)não omitindo o ambiental, são acções que não se coadunam com a actuação do poder político autárquico que reparte descaradamente o leito conjugal com o sector imobiliário (e toda a sorte de falcatruas que nunca se provam?!) e erros impossíveis de remediar no futuro que daí advéem. O que se passa na Cãmara de Lisboa é o exemplo bem vivo disso mesmo.

Óptima semana!!

@Memorex disse...

Lindas imagens, soberbas!

:)

Não, não faço Artes Decorativas. Antes, sou uma mera estudante de Design Comunicação, e sim lapido cores, crio imagens originais inclusivamente minhas como vês nos meus Blogs.

Inspira-me tanta coisa adentro, é como me sinto qd danço com um par que acerta com os meus passos eu deixo de ser unicamente uma mulher.

Um beijo enorme!

Bela disse...

Mudam-se os tempos...
Bjinho

Isamar disse...

As cidades são feitas pelas suas gentes. E mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
A Lisboa deste tempo não me choca se houver preocupação em conciliar os diferentes estilos de uma forma harmoniosa.
Contudo, há zonas onde isso é muito difícil.
Beijinhos

Anónimo disse...

Fico triste de ler alguns comentários sobre Lisboa. É certo que mudou é verdade que perdeu alguns encantos mas para mim continua a ser uma cidade bonita e ainda com muitos encantos.
Bjs.

Pitanga Doce disse...

Há certa melancolia nas tuas palavras! Convido-te para um café, está bem?
beijos

melga meiguinha disse...

Obrigada pela sua visita ao meu blog.

Gostei do seu.
Vou voltar.

Beijocas.

Anónimo disse...

Se aprecias as minhas "antiguidades" vai ao meu blog http://temposantigos.blogs.sapo.pt/. Fi-lo só para fazer experiências mas acabei por achar piada mantê-lo. Claro que só faço posts lá de vez em quando porque o tempo não chega para tudo...

Anónimo disse...

Já cá tinha vindo hoje mas o meu comentário parece que não entrou. Era só para dizer que gostei muito da tua visita. Vim logo ao teu blog de que gostei muito. A propósito de Lisboa, vivo cá há muitos anos mas nasci em Alenquer. Acredita que "ainda" não me habituei à cidade. Tem recantos muitos bonitos mas acho que está tudo muito desmazelado e sujo. Não temos o gosto e o cuidado que outras cidades da Europa têm.

as velas ardem ate ao fim disse...

Infelizmente Lisboa foi abandonada pelos seus habitantes fruto de politicas camararias desastrosas...

O tempo esse não volta para tras..aqui nesta cidade que é para mim uma paixão.

Agreste disse...

a 1ª fotografia está mto bonita :-)