domingo, dezembro 16, 2007

A palavra e a época dos sermões




Posto que vivemos em sociedade, a palavra proposta para a semana passada no PPP foi, evidente, Natal.
Seria preciosismo a explicação de duas ou três opiniões, na aparência divergentes, sobre o assunto.
Há seguramente gente muito cansada das injecções consumistas e delirantes com que somos bombardeados, na mais impura das alegres intenções.
No fundo, todos desejam o melhor. Nesta época para si e abrangendo os outros; porque não fica bem demonstrar distanciamento ou egoísmo.
E muito mal fica deixar um aviso à porta da fábrica a dizer "Fechado".
Mas será gente que não acredita no natal e a quem não vislumbraremos a cara.
Antes ver os cem-mil-sem-abrigo expondo as suas barbas mal cuidadas e a sua dolorosa solidão ridente para as câmaras. Percebemos que uma vez algo lhes conforta a fome e o abandono.

A corrente contra a qual esbracejo é sem dúvida a da alienação.
Toda e qualquer. Agudamente mais vincada e rústica em certas épocas.

A imagem da menina é uma foto de foto (original de FM). Dou com ela a sorrir quando dobro o caminho do corredor pois que está cá em casa há muito tempo.
Os azulejos representam o "Sermão de Stº António aos Peixes".
E dizia o orador:
"Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes"

22 comentários:

Maria disse...

Excelente post para pensarmos, a sério, no que andamos por aqui a fazer...
Obrigada, Bettips

Beijo

Tozé Franco disse...

Excelente tema pra meditar.
Um abraço.

rach. disse...

Tema para meditar, de facto. Mas, também sou egoista e ...

E como peixes que sou não precisas de fazer como o Santo António de Vieira. O sermão do António do Largo do Município será outro, suponho.

Um beijo (com saudade)

Maria P. disse...

Muito bem.


Beijinho*

un dress disse...

dos paradoxos.

até onde?

/acrescento que não gosto particularmente de natais...




beijO

Mr. Lynch disse...

Bettips;
Pode-se dizer que, neste caso, as tuas fotografias formam uma história... Basta modificar um pouco a ordem.
Quanto mais tempo passa mais ciente fico que o Natal é sinónimo de comercial. Hoje em dia a magia do Natal não se festeja; comercializa-se.
Abraço

teresa g. disse...

'Paradoxal rima com natal'
Pois...
(Os astrólogos dizem que eu sou peixes ;) )

Bjinhos

velha gaiteira disse...

Bom Natal, com muita sáude e calor humano!

Abraços da

velha gaiteira

Frioleiras disse...

azul

azulejos

azul................

jlf disse...

Nem mais.
Como eu gostava de ter escrito este texto.
Não o tendo feito, subscrevo-o. E com a serenidade e a sensatez com que o fazes.

“Na mais impura das alegres intenções” – gostei. É a ironia de que mais gosto: a mais subtil.

“Antes ver os cem-mil-sem-abrigo expondo as suas barbas mal cuidadas e a sua dolorosa solidão ridente para as câmaras. Percebemos que uma vez algo lhes conforta a fome e o abandono” – dizes. Mas ouve aqui, Bet: porquê só uma vez e essa vez?
Mais: não será esse “algo [que] lhes conforta a fome e o abandono” um mero acidente, porque muitos dos que dão esse conforto o fazem mais para sua própria satisfação? Para, pelo menos uma vez, não se sentirem tão mal consigo mesmos? Muitos, o que dão são umas migalhas da abundância das suas fartas mesas, que para os tais marginalizados é uma lauta refeição... Onde, realmente, o mérito?

Depois...
“A corrente contra a qual esbracejo é sem dúvida a da alienação.
Toda e qualquer. Agudamente mais vincada e rústica em certas épocas.”

Absolutamente.

Mas repara, voltando à auto-satisfação (às vezes a caridadezinha tão farisaica), não será ela, também, uma manifestação agudamente mais vincada e rude (chocante, diria até) nessas tais especiais épocas?

Abraço amigo
Jl

rui disse...

Olá Bettips

Sociedade consumista, egoísta, insensível que se mascara de falsos valores e, não vê nem ouve, o lamento de milhares de vozes agonizantes, que se arrastam na solidão da miséria.

Beijinhos

O Profeta disse...

Já dramatizei este sermão e nem publico nem peixes o ouviram...


Doce beijo

APC disse...

Mas minha amiga, a maior parte de nós já concluiu tudo isto. Infelizmente a alienação disfaraça-se com desculpas de "parece mal, questões civilizacionais, culturais, educacionais e/ou religiosas" vão mantendo esta nossa omissão criminosa, esta destaenção aos outros que é, a todos os títulos, perfeitamente inqualificável.
Um abraço.

pentelho real disse...

paradoxal rima também com carnaval que é aquilo em que muita gente transforma o natal: uma festa de máscaras.

Justine disse...

Totalmente solidária, junto-me ao coro dos que abominam este natal subvertido, e cumprimento-te pelo excelente texto

lésbica só disse...

viremo-nos para os peixes...

bj

a d´almeida nunes disse...

Encantado com a forma magistral como abordaste um tema tão presente e candente.
Será que teremos que continuar a pregar o mesmo discurso de Sto. António aos peixes?
Parece-me bem que sim, pelo que se observa e ouve por aí...
Beujinhos e BOM NATAL
António

Ana Luar disse...

Há gente que escrever fabulosamente bem sobre situações tão vivas e presentes entre nós. Tu és uma dessas pessoas e por isso te felicito...

Acho que vou até ao lago... existem lá muitos peixes...

M. disse...

Sim, a alienação é das piores coisas que podem acontecer ao ser humano. Contribuir para a sua alienação é das maiores faltas de respeito pela sua vida e pelo seu pensamento único.

jawaa disse...

Boas Festas!
Que se cumpram todos os teus desejos no Ano Novo que chega.
Quanto a mim, proponho votos de mais Consciência e mais e melhor Educação.

Paúl dos Patudos disse...

... e não é necessário dizer mais nada minha amiga, pois está tudo aqui. deixo-te um grande xi coração na Alma , pois aí está a nossa essência.
fica bem
Ana Paula

Olha quanto à imagem dos peixes, no meu exame de português , vou ter o Sermão de Santo António aos Peixes, esse mesmo!

Teresa Durães disse...

lololol

lamento mas não estou para a época das lamechisses hipócritas

beijos para ti que não és assim